Arrumando As Gavetas

Agora talvez entenda o porquê das minhas arrumações.
Basta eu mesma me sinalizar e tirar algum dia só para mim, pronto! Vou arrumar as gavetas.
É fatal, não vou trabalhar, durmo até um pouco mais, mas a primeira providência para quem não teria nada marcado, ainda de manhã é a organização das gavetas. 
A princípio, achei sem nenhuma importância essa minha mania, hoje associo às coisas que não consigo ajeitar lá fora. Parece que neste meu mundinho resgato os consertos que não pude fazer lá fora, nem tão pouco colocá-los na minha ordem, pode ser até que esteja tudo nos seus devidos lugares, mas não nos meus, como eu gostaria que fosse.
Mas como roupas, meias e lingeries, não se pronunciam, e só saem de seus lugares segundo minha vontade, satisfaço-me diante das minhas gavetas todas arrumadas. Pode parecer que é mais fácil agir assim, deixar as coisas como estão e continuar somente arrumando meu mundinho de gavetas, mas só me permito isso diante das situações que bem sei que não poderão ser mudadas, então este tempo de arrumação, arruma também o meu pensar. Dobro as blusas dobrando a minha paciência, ajeito as outras peças, ajeitando-me naquilo que está feito e não pode ser modificado. Há muitas coisas na vida que independem da nossa vontade.
Um tempo mais demorado numa gaveta, algum tempo a mais na minha reflexão, isto hoje, porque até bem pouco tempo não tinha a noção que quando fecho as gavetas todas já arrumadas, abro de novo as portas para fora e me deparo com tudo como antes.
Podem até pensar de que isso adianta?
Para mim é muito. Sei que não se foge de uma luta quando se tem à chance da conquista, isto é sábio.
Mas é sabedoria também aceitar o que não se pode mudar.
ziza Silvestre
Enviado por ziza Silvestre em 19/04/2007
Reeditado em 19/04/2007
Código do texto: T455664
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