Garimpando letras
Gosto muito de surpresas. Às vezes, escondo coisas para as encontrar depois. Coisa de menino que insiste em viver dentro dum corpo quase gordo com cabelos acinzentando-se. Na leitura não é muito diferente. Saio catando textos aqui e ali. Escondo-os para garimpar. Semeio em terra alheia. Semeio na minha terra. Semeio na nossa Terra. Cavo, lavro e lavo as gemas que encontro com lágrimas ou suor. Na safra das letras, brilham meus olhares no tempo e no vento em passeio pela memória. Queria saber dominar a lembrança. Não consigo. Quero rimar na poesia e sei que não é mais preciso. Concordo e prossigo... Não posso rimar prosa (será que sou prosa), mas converso contigo e digo "Danem-se as convenções!" Venham as invenções e as recriações, as animações. Tanta ação e reação sem fim. Será assim num texto meio louco que comecei a escrever sem rever depois de encontrar algo que escrevi e reli a pouco.
Acho que sou dado a recordações mesmo. Acabei de ler e pensar no que escrevi. "Eram Natais" chama-se o conto. Está registrado nesse nosso espaço de escrita e artes. Valeu a pena reler a mim mesmo e descobrir que ainda posso surpreender a mim mesmo. Qualquer dia desses, farei críticas a mim mesmo. Elas deverão ser publicadas postumamente, quando autor e crítico não mais existirem.
Quem será o editor? Haverá leitor. Sei que eu não mais. Por isso aproveito a vida e revivo tantas letras minhas ou não.