Como se não bastasse, além dela ainda tem outras!

Imagine viver com dores pipocando pelo seu corpo sem aviso nenhum,

dói uma perna, o braço, um dos pés, a cabeça... De repente estoura uma dor incômoda na barriga, uma cólica intestinal básica....

Você não dorme por noites seguidas a não ser se for dopado de remédios, que te deixam mais mole do que uma gelatina, além da fadiga.

Doem ossos, articulações, doem todas as células do corpo inclusive o que não costuma doer, os fios do cabelo! De início, você imagina que está louco, ou com câncer, com as piores moléstias possíveis e inimagináveis, porque realmente parece impossível tanta dor!

Mas você procura médicos de várias especialidades, faz exames e nenhum acusa nada! Os médicos tratam você como hipocondríaco embora você não seja um... E você se vê em meio a uma junta médica que fala como se fosse uma coisa,e dizem uma lista de possíveis males, tantos que você entra em desespero ao ouvir que poderia ter lepra! Eles dizem: sabemos que você está falando a verdade, acreditamos que suas dores são reais, vamos te virar do avesso até descobrir o que tem!

E então lhe ocorre o pensamento: já é um progresso,afinal foram dez anos ouvindo que não era nada, que era psicológico, tendo que brigar com médicos que em outras palavras diziam: você é louco! Isso é impossível! Uma situação complicada... Depois de em uma crise de dor tão intensa que era insuportável alguém tocar na pele, sem dormir a 3 meses quase louca para não dizer louca total, e finalmente encontra um médico humano que diz, eu acredito em você, sei o que você tem.

Fibromialgia! E aí vem a pesquisa que trará a descoberta que todas as suas ilusões de viver sem dor o tempo todo caem por terra! E você ouve: é uma doença crônica, não tem cura e sua única opção é viver com dor, porque ela continuará ininterruptamente. Desespero raiva, ódio até, tomam conta de você. Mas espere! Ainda tem mais! Vem mais uma bombas por aí: uma notícia péssima e outra menos pior... A péssima: um problema cardíaco congênito que te matará no máximo em dez anos e só um transplante prolongaria por uns dias a sua vida, se deixar chegar a esse ponto. Opção: uma cirurgia cardíaca de coração aberto, para corrigir o problema, mas ainda vem mais umas coisinhas de brinde... Uma

anemia profunda e um cistozinho básico, não maligno mas um cisto...

E aí inicia-se uma luta e em seis meses você enfrenta a cirurgia e sobrevive a tudo. Detalhes deixa pra lá... E dez anos depois, as dores continuam, as antigas e as novas que surgem. Sem trégua. E você se cansa de tanto remédio para amenizá-las... E tudo é cansativo e doloroso, por mais que você ame a vida! E é isso a vida de todas as pessoas que sofrem dessa síndrome chamada Fibromialgia.

E por acaso essa história tão cheia de desgraças e ao mesmo tempo de "milagres" é a minha história. Desculpe se irritei alguém, mas esse é mais um texto chato que escrevo na tentativa de esquecer a dor por alguns segundos, porque escrever me acalma... Se ninguém o ler, não tem problema, já valeu! Depois eu continuarei me fazendo de forte e suportando a dor como em todos os momentos da vida nesses últimos 20 anos. E se alguém se der ao trabalho de ler isso até o final, por favor, nunca, em nenhuma hipótese, jamais, diga que sente dó de mim!

E quando ouvir alguém dizer que sente tanta dor, fadiga, e tantas outras coisas, ao invés de julgar, se puder, escute. Talvez esteja ajudando alguém a desistir de desistir da vida...Que para mim e muitas outras pessoas não é fácil!