Contrastes

Contrastes (Crônica)

Em uma dessas tantas tardes de verão fui visitar, em uma cidadezinha próxima, uns amigos que estão passando as férias na praia. Lá estavam amigos antigos e novos, de variadas idades. Em um dos canais da SKY, estava passando um programa com clipes de músicas atuais, eu, como não posso ouvir música que já vou entrando no ritmo disposta a dançar, até convidei o pessoal . Mas para minha surpresa, nem mesmo as crianças estavam interessadas, as menores corriam pelo pátio em algazarra, as maiores sentadas, uma delas com o celular enviando mensagem, a outra, sentada ao computador no face book. Realmente, não havia muito que fazer. Então recorri à outra sala, onde estavam uns sete jovens reunidos, estranhamente num completo silêncio, pensei, então, tratar-se de alguma sessão de cinema, visto que, todos estavam compenetradíssimos de olhos na tela de 42 polegadas. Imaginem a minha surpresa, surpresa essa, que era apenas minha, as pessoas que viviam ali já estavam acostumadas. Eles, os jovens, estavam assistindo a um jogo em que dois deles disputavam um combate, um jogo do play station. Vendo a cena, voltei mentalmente ao meu tempo de juventude, no milênio passado, claro.

Minhas férias no litoral eram bem mais animadas, normalmente ficava em Torres, na casa da minha tia materna, ou em Imbé, onde veraneavam meus tios e primos paternos. Manhãs na praia até o meio-dia ou mais. Às tardes, enquanto os adultos dormiam em redes e cadeiras sob a sombra das árvores, após o almoço, nós saiamos a caminhar, ou ficávamos jogando vôlei. E a noite, como ainda éramos muito jovens para ir a casas noturnas de dança, ou a barzinhos a beira mar, fazíamos a nossa própria festa, ouvindo LPs da época, dançando na sala ou na varanda mesmo. Meu irmão tocava violão e eu cantava. Também inventávamos letras de música e passos de dança, imitando alguns dos filmes de John Travolta e Olívia Newton John, como “Nos Tempos da Brilhantina” e “Embalos de Sábado a Noite”, entre outros musicais. Quando chovia, o que não é nada raro no verão do litoral, jogávamos cartas, sempre com algum tipo de prenda, Lê-se hoje, “pagar mico” para quem perdesse. Era um tempo bom, de barulho, muita criatividade e alegria, sem as modernidades como celulares, Playstation ou notebooks. Ainda hoje, quando visito minhas primas, relembramos aqueles momentos mágicos , que não voltam mais. Um amigo comentou, dia desses ,que sou excessivamente saudosista, mas como faz bem recordar bons momentos do passado. Percebo que a juventude de hoje, claro, existem exceções, não conhece a verdadeira essência de ser feliz sem essas modernidades, não conseguem sequer imaginar uma temporada de veraneio longe das redes sociais, dos celulares, dos jogos eletrônicos, dos Ipods, Ipads, Iphone, tablets e laptops...Conheço alguns jovens que nem sequer vão à praia, preferem ficar em frente ao computador enquanto o pessoal se diverte a beira mar. Mas, como dizem , devemos sempre tentar conviver em harmonia com as diferenças, até mesmo as difíceis diferenças de idade e conflitos de gerações. Cada um que escolha como se divertir durante o veraneio no litoral, mas,lembre-se...”se beber,não dirija”.

Evanise Gonçalves Bossle- 02/01/2013

Evanise Bossle
Enviado por Evanise Bossle em 10/11/2013
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