JOSELITO E O CÉU
Joselito crescia. Com pouco mais de dez anos parecia um mocinho. Numa casa rodeada por sete irmãs ele precisou desde cedo impor sua personalidade masculina. O menino não se conformava com a partida do pai e continuava achando a morte uma larápia que surrupiara tão cedo um ente tão querido. Vendo a tristeza e a angústia do pequeno as irmãs diziam: "te conforma guri o pai foi pro céu".
O céu. Era prá lá que o menino ficava olhando, através da janela pequena e de tábua marrom. Naquele infinito o menino queria buscar a figura do pai...
Nessa época, Joselito começou a sentir medo de que a mãe também partisse, que fosse juntar-se ao pai, naquele lugar celestial.
Então o menino começou a questionar-se. Não estaria ele errado em querer privar a mãe de um encontro com o pai, num lugar que todos diziam ser tão bom? Onde talvez não tivesse todo o serviço que ele diariamente via a mãe fazer, que não tivesse tantos filhos para cuidar? Joselito ainda não sabia o que era apego, e nem conhecia todos os outros sentimentos que os homens possuem em nome do amor.
Junto ao medo de perder a mãe juntou-se um outro medo, explicado esse pela professora de religião: O medo de não ir pro céu!
O que aconteceria com todos aqueles que tivessem um comportamento não adequado, que tivessem enfim não sido tão bons..
Dessa forma, no meio das dúvidas e do medo dos castigos, Joselito foi ficando cada vez mais introspectivo, guardando para si anseios, temores e questionamentos. Enquanto o tempo passava ele também passava, mas eram horas na janela marrom, onde por não conhecer ainda ETs e OVNIs, ele fitava as estrelas esperando ver numa delas seu pai, um cavaleiro e seu cavalo, que por semelhança de nome
bem poderia seria uma imagem de São Jorge !