LIBERTAS QUAE SERA TAMEN

22/11/13

Outro dia, não sei aonde li sobre o lema de nossa bandeira, a bandeira de Minas Gerais, dizia o texto que ao escolher tal frase os Inconfidentes utilizaram com outro sentido um verso do poeta Virgílio. “Liberdade ainda que tardia” que é a tradução que aprendemos, talvez erroneamente. Acho que o erro foi maior do que a simples tradução. O erro é nosso que até hoje não entendemos a mensagem. Será que nossos Inconfidentes não estavam prevendo que nossa liberdade seria tardia? Ou diziam simplesmente Liberdade, o que será?

São estas questões que devemos considerar. Aprendemos em nossas aulas de história que a Inconfidência Mineira foi um movimento idealizado por intelectuais quanto aos abusos de Portugal contra o povo brasileiro das Minas Gerais. O abuso mais difundido era o imposto dos QUINTOS, onde a quinta parte (20%) das riquezas extraídas eram convertidas à corte portuguesa, como imposto. Hoje, como escravos, já pagamos quase o dobro sobre as “riquezas” que produzimos para alimentar uma administração pública caótica quer pelas repetidas ocorrências de corrupções e aqui vale registrar que corrupção não é coisa de partido e sim de caráter, e que partido no Brasil que prevalece é o do “tudo para mim” e neste partido se encontram eleitos e eleitores.

O que vemos é que depois de duas centenas e algumas dezenas de anos após o movimento mineiro a liberdade ainda não chegou ou então que nós não sabemos ser livres. Pela manhã recluso em um apartamento que atualmente habito, chego à janela para ver o céu esteja ele azul ou cinza e tomar minha dose matinal de poluição e aprecio dezenas de cães geralmente mancos por estarem sendo criados em pisos encerados para os quais suas patas ainda não se adaptaram a puxarem por correntes ou guias seus “donos” com dos quais zombam fazendo-os recolher as fezes que depositam em pequenos intervalos, por nossa opção nos tornamos escravos do “nosso melhor amigo”.

Outra invenção nossa, os humanos, bem anterior a qualquer guerra ou movimento revolucionário, criada para nos dar liberdade foi por nós transformada em celas móveis nas quais ficamos reclusos por pelo menos 1/6 do nosso dia a dia, nos automóveis.

Poderia ficar aqui descrevendo uma infinidade de fatos que por nossa vontade própria nos escravizam e não nos deixam saborear o doce paladar da liberdade, mas escravo que sou do limite por mim criado de não escrever mais do que uma lauda, coloco fim neste texto de criado por minha livre vontade não sem antes clamar pela reencarnação da princesa Izabel ou de que no mínimo nossos juristas do Supremo, tão preocupados em prender, regulamentem ainda que com séculos de atraso, ou seja, tardiamente, a lei áurea.

Geraldo Cerqueira