FIM DE SEMANA NA PRAÇA

Uma pracinha, nem muito organizada, barracas multicoloridas, produtos das mais diversas qualidades e origens, pessoas que só olham, pessoas que pegam, pessoas que nem percebem a feira com todas aquelas bancas, pessoas que escolhem e qualificam, pessoas esnobes que menosprezam o trabalho do artesão, pessoas, pessoas, pessoas.

Nas mesas da praça, feitas em concreto armado para superar a depredação, outras pessoas que jogam truco, que jogam dama, pessoas em situação de rua que se agridem num momento e se ajudam no outro, que estão maltrapilhos, mal vestidos, mal cuidados, necessitando todo tipo de apoio, de amparo, de conselho, de família, de outras pessoas.

Nas bancas encontramos anéis, correntes, óculos, sandálias, roupas esportivas, roupas intimas, roupas sociais, e até o tropeiro tradicional, as guloseimas adocicadas, bolos e bombons caseiros, o churrasquinho, o salgado, a pinga, a cerveja, produções maravilhosas em biscuit, em brinquedos pedagógicos feitos com madeira, em crochê, sapatinhos de bebê, touquinhas, cueiros, babadores, trabalhos estes realizados com mãos que parecem magicas. Um destaque para a banca que vende produtos para os diversos grupos da juventude, os darc’s, os emo’s, os black’s, os tatuados, os hippies, que gostam de correntes, caveiras, pingentes de ossos, laços coloridos ou uma base onde a cor negra sobressai; camisa preta, calça preta, bota preta, cinturão preto com correntes penduradas, falsas algemas, colares exóticos, brincos enormes ou muitos brincos na mesma orelha, lábios furados com peças metálicas atravessadas, narizes perfurados, batom preto, esmalte preto, maquiagem com tonalidade preta, cabelos trançados ou soltos ou despenteados, onde o gênero e a personalidade se misturam e na maioria das vezes os pares se confundem e não conseguimos perceber se são dois rapazes, se são duas moças, se é um rapaz e uma moça ou uma moça e um rapaz. Eles fazem sua compra, muito minuciosa e partem rumo ao desconhecido da mesma forma que surgiram.

A feira da pracinha, tem vida e vida em abundancia; é um bau de historias que eu poderia ficar aqui a relatar, de acordo com meu olhar, que pode circular por todo o ambiente ou pode fixar-se num aspecto especifico. Entretanto todo este viver, todas estas cores, todo este movimento é gerado pelas pessoas. Sem o trança trança das pessoas a feira não existe, a praça não tem sentido, meu olhar adormece. Feira, praça, pessoas, pessoas, pessoas.

ederbrasil
Enviado por ederbrasil em 29/11/2013
Reeditado em 06/10/2017
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