“Não é a mamãe!”

Meus contemporâneos certamente lembram do saudoso Baby, do seriado Família Dinossauro. Dino, o pai, era apenas “não é mamãe!” Pois é, da gravidez aos primeiros anos, os homens são coadjuvantes. E uma lei brasileira exigia que apenas o pai pudesse declarar um bebê como seu filho...

Ouvi esse assunto pela primeira fez quando era criança. Minha mãe comentou sobre o absurdo da Legislação. Acho que foi perto do nascimento da minha irmã. Apenas assimilei a informação. A primeira impressão é claramente de uma perspectiva machista.

Mais de 10 anos depois, o assunto é comentado no trabalho. Leleo era claramente machista. Ao menos longe da esposa, era quase militante. Sentenciou com seu estilo fulminante:

- Imagina, qualquer jogador de futebol teria milhões de filhos.

Fiquei surpreso. Era um argumento forte, merecia reflexão. Vamos inverter a relação: os homens, na situação do registro, são a parte frágil, que necessitam da proteção legal contra eventuais abusos. Na patriarcal sociedade brasileira, é uma condição improvável. Rara mesmo...

A lei – assimétrica – apenas ajusta a desvantagem dada pela natureza. O parto é indiscutível, a concepção é apenas... presumível. O público pode ver a criança saindo da barriga da mãe, a paternidade é uma questão de confiança.

Ajustes podem ser feitos, naturalmente. Em casais legalmente casados, por exemplo, poderiam ter filhos registrados pela mãe. Tema polêmico, que não pode ser simplificado pelo rótulo de machismo.