Meu Barbeiro...
             
Digo orgulhoso que venho de uma família de barbeiros, carpinteiros e músicos. Naqueles tempos essas profissões não eram muito comuns, muito menos a de músico, cuja atividade nem sequer era considerada uma profissão, ao menos numa cidade pequena como a nossa. Já naquela época, a cidade possuía profissionais talentosos, verdadeiros artistas, fosse no corte de cabelo, no trato com madeiras para móveis ou para a construção civil em geral. Bem assim, no manejo de um instrumento musical, de sopro ou corda, o que nos traz  a lembrança de Almerindo Borba e Assis Santana que integravam bandas  e pequenas orquestras animando  festas  e bailes nos clubes e bailantas do município e redondezas.
Aquela geração desses profissionais já partiu dessa, para outra vida, por certo bem melhor, porque as experiências aqui na terra aperfeiçoam o espírito para viver em outro plano. Cirilo foi um desses profissionais, mestre na arte de cortar cabelo e fazer barba, sabia dar têmpera ao fio da navalha,mão leve ao barbear e bom gosto no aparo do bigode que fazia combinar com a melena e costeletas, moldadas à feição de cada freguês. Daquela geração, o Assis e o Leodegar foram os últimos que partiram. Quem deles não recorda com saudades?
Adiante, vai em versos uma pequena homenagem ao meu pai Cirilo, pelo centenário de seu nascimento neste mês de janeiro,bem como, a todos esses profissionais que marcaram época e deixaram saudades.
 
“Meu Barbeiro”
 
Na barbearia o barbeiro enfeita e produz notícias
Da cidade, de fora, de uma verdade qualquer
Do futebol, da política, e das brigas co’as milícias
Mas, não fala mal de amigos, muito menos de mulher.
De pobre ou de gente chique
Vai moldando em cada  rosto, barba, cabelo e bigode
Conta causos no compasso da tesoura que faz tic,
E o freguês que era triste, de rir quase que explode.
Barbearia bendita, que não apara só os pelos,
Donde as almas saem alegres, orque se poda a tristeza
Os feios saem bonitos e os bonitos mais belos.
Psicólogo, palhaço, cientista, benzedeiro,
Cuida do corpo e d’alma, da saúde, da beleza,
Tens o dom de esteticista, és um artista barbeiro. 
Elpídio Santana
Enviado por Juraci da S Martins em 29/11/2013
Reeditado em 29/11/2013
Código do texto: T4592248
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