Agora sou Pai...

Lembro-me de um comercial no qual o locutor, entre diversas imagens de um bebê modelo, dizia que “como uma pessoa careca, sem dentes e que iria roubar a sua esposa” poderia lhe despertar tanto amor? Achei extremamente exagerado e não me comovia nem um pouquinho... Porém, alguns anos depois, o meu ponto de vista mudou radicalmente... Sim! Um bebezinho pode sim despertar um amor incondicional e, ainda, podia roubar suas noites de sono, sua esposa, mudar seu estilo de vida, que a ternura com esse ser tão pequeno continuaria imenso.

Claro que esse processo é lento e deu início no dia que a minha esposa me deu a notícia. Abri uma caixinha de presente e dentro dele um sapatinho e um cartão... Devo ter ficado mais branco do que sou (desapareci, na verdade) e diversos sentimentos passaram em minha mente. Depois, o crescimento do bebê no ventre de minha esposa... Orgulho de ouvir o médico dizer que estava crescendo bem, com saúde nota dez... Depois, a emoção de saber que seria pai de uma menina... Uma menina! Que vontade de gritar aos quatro cantos. (Daqui 15 anos, vou repensar nisso...).

Os primeiros chutes... Que vontade de tê-la nos meus braços. À noite cantava para uma barriga e me achava esquisito... Epa! A Mariana estava lá dentro me ouvindo... E ela correspondia, com chutes e sorrisos. Sim, tinha certeza que ela sorria. À medida que ela crescia, o meu coração acompanhava... Imaginava como ela seria... Como seria o seu sorriso, o seu olhar, o seu choro, as suas mãozinhas.

Mesmo com a data marcada, Mariana resolveu se adiantar. De madrugada, com as pistas livres e exclusivas para ela, fomos para o hospital. Lá não tinha ninguém... Sim, Mariana, eu mandei fechar a maternidade para você... E ela veio... 6 da manhã, o meu despertador do celular tocava aquela música: “ You are so beautiful” (havia esquecido de desligar) e eu segurando a mão da Carla víamos a linda menina nascer...

Ah... Se na vida existe um momento mágico, com certeza, é esse o momento. Vê-la, ouvi-la, senti-la não tem nada igual... Depois a primeira troca de olhares, éramos dois namorados... Lágrimas vieram à tona, como não emocionar com aquele momento. O meu choro veio mesmo, quando sozinho em casa, passou um filme na minha cabeça. Mariana estava bem, com saúde, e com a certeza que eu e Carla fossemos parceiros nessa caminhada. Não tem como não assustar com tanta responsabilidade, mas o amor é mais alto e sublime. Sentimos corajosos, super-heróis... Sim! Salvarei você, Mariana, de todo mal... Mesmo que seja somente nas brincadeiras.

Mariana... Obrigado por ser minha filha! Agora sou Pai. Serei seu Pai. Vou errar muitas vezes, mas por tentar acertar. Serei injusto algumas vezes, mas por tentar ser justo. Serei “papai, deixa de ser mal”, mas por querer seu bem. Serei seu pai, que acima de tudo, cuidará de você até mesmo nas orações, quando o seu mundo for maior que os meus abraços. Te amo!