ÉDIPO LUDIOUTROS – A TRAGÉDIA GRECO/BRASILIS

1. Não faz muito tempo, na cidade de Tebas Brasilis, local onde se concentram os poderes legislativo, judiciário e executivo, o Palácio Edipolis se vê sitiado por movimentos organizados que exigem medidas drásticas contra a corrupção da sociedade.

2. Inquieto por não ter mais sossego em seus aposentos o sacerdote Homo Ecumênicus, ao se comunicar ao eterno presidente Édipo Ludioutros, diz serem esses manifestos provocados pela insatisfação popular e pela imoralidade que assola a nação.

3. Édipo Ludioutros, vê grandes possibilidades políticas nesses manifestos e manda Dirceus Creonte, cunhado para essas práticas, ao Congresso Nacional engendrar um plano, uma solução.

4. O Congresso Nacional, nada satisfeito com Édipo Ludioutros, exige a sua saída de Tebas Brasilis por ser conivente com a impunidade, com a injustiça, com a desonestidade e por ter matado moralmente a nação.

5. Édipo Ludioutros, a pedido de Dirceus Creonte, “preocupado” com a insatisfação de alguns grupos, chama ao palácio o “ilustre adivinho” Jefferson Tirésias (que se faz de cego, mas não é bobo) para saber quem poderia assumir a culpa pela decadência da nação Jocasta Brasilis.

6. Ao perceber que Jefferson Tirésias só se faz de cego, mas não é bobo, Dirceus Creonte lhe tenta dar um chapéu, no que Jefferson Tirésias não gostou nada e botou a boca no trombone: revelando que Édipos Ludioutros além de execrar a cidadania do povo foi quem ferrou a nação Jocasta Brasilis.

Nota do autor: A história conta que em Jocasta Brasilis, mais precisamente em Tebas Brasilis, só “deuses poderosos” e “inteligentes” moravam por lá e que tinham um poder incrível de paralisar as pessoas, de aboba-las.

7. Édipo Ludioutros, vitimado pela denúncia de Jefferson Tirésias e insatisfeito com a falta de pericia de Dirceus Creonte, abre de lona com o “companheiro” de tantas lutas provando que quem chegou, chegou, quem não chegou não chega mais e que não tenho nada com isso, não vi, não ouvi e nada sei.

8. Ao tomar essa posição Édipo Ludioutros tenta dar a volta por cima se distanciando dos “problemas palacianos”, engendrados, a pedido, por Dirceus Creonte e, se colocando como paladino da justiça coloca o “companheiro” Dirceus Creonte na geladeira, evitanda suas idas e vindas à cidade de Tebas Brasilis.

9. A nação Jocasta Brasilis conclama suas instituições e seu povo a refletir, que não poderia mais a nação parir filhos tão desiguais e ter uma sociedade tão hipócrita e corrupta. Que as virtudes de moral e ética tinham sido denegridas a partir das atitudes desrespeitosas vindas de cima, dos poderes constituídos dos filhos dessa nação que perderam seus valores ao assumir o poder conferido pela maioria do povo, que levados pela emoção institucionalizada e pela corrupção deixaram de pensar racionalmente nas escolhas de suas lideranças.

10. Por um momento na cidade de Tebas Brasilis há calmaria, se aproximam as eleições e Édipo Ludioutros, por não ter mais condição para Jocasta Brasilis é intimado para articular as eleições na cidade de Corinto Brasilis pelo recrudescimento da oposição política local.

11. Enquanto isso em Tebas Brasilis segue com força a sucessão de Édipo Ludioutros, e caso se confirme, estarão mais fortalecidos os laços dessa “família” em Jocasta Brasiliana numa grande “manobra” política.

12. A sucessão em Jocasta Brasilis se confirma, mas não se confirma, por motivos desconhecidos, a vitória de Édipo Ludioutros na cidade de Corinto Brasilis.

13. A “família” em Jocasta Brasiliana se fortalece e, em Tebas Brasilis, deita em berço esplêndido dormindo sem se preocupar com o passado.

14. Édipo Ludioutros olha de longe pra Corinto Brasilis, cidade grande, politicamente muito difícil, de muitos sindicatos e movimentos. Cidade que seus juízes arguiram tanto pra o defender como pra o atacar. Édipo Ludioutros é filho dos sindicatos e não de Corinto Brasilis.

15. Mais uma vez a nação deposita fé e esperança em seus políticos e, os partidos aliados da base governista se firmam em Corinto Brasilis, cidade que adotara Édipo Ludioutros em tempos difíceis.

16. Mas, o vacilo de Édipo Ludioutros foi o de se calar, o de se omitir, o de não se posicionar diante do espelho que ele conquistou e poliu. Não soube fazer-se refletir – “a justiça e o povo são espelhos de si mesmos”. E o povo então percebe a realidade, o declínio moral e ético, os reflexos e as consequências em uma nação de muito sofrimento por não ter sabido construir homens.

17. E mais uma vez o Palácio Edipolis se vê sitiado por movimentos de estudantes e de diversos segmentos da sociedade que exigem medidas drásticas contra a corrupção entranhada em toda a sociedade.

18. Os discursos são de falência e morte de uma nação que parecia promissora.

19. Nação que não se preocupou em ter filhos preparados para uma boa gestão político-administrativa, permitindo na irrisória atitude de seus gestores apenas, ou pelo menos, a preocupação com os seus, o que não surpreenderá jamais ao povo dessa nação chamada Jocasta Brasilis, aonde se pariu tantos filhos e filhas da pátria amada, salve, salve...

Vicente Freire

05 de dezembro de 2014