Humor Líquido

Hoje percebi meu humor exatamente como aquele conjunto de moléculas cheinhas de mobilidade para se adaptar ao ambiente, de acordo com suas nuances. Líquido. E de fácil oscilação. Não que eu quisesse, obviamente escolheria estar sempre as pompas, e até estava quando começou o dia. Mas pensando no(s) sentido(s) da palavra líquido, qualquer humor corre o risco de oscilar quando essa palavra vem aparecendo no abrasileirado contracheque ao lado de “salário”: Livre de descontos. Talvez esse sentido coubesse mais dentro do estado líquido em si. Não se adapta, mas vai embora rapidinho. E eu fico me perguntando o que pensou Herman Hollerith quando inventou a máquina utilizada para emitir folhas de pagamento. Fora isso, aplausos para os inventores. Enfim, o título veio a dedo e antes mesmo de pensar qualquer coisa pra se escrever. Lembrei-me dos líquidos de Bauman. ZYGMUNT BAUMAN é um sociólogo polonês, no auge de seus 88 anos, responsável por uma prodigiosa produção intelectual. Ele colocou muito bem o termo, acompanhado de conceitos tão “usados” por nós. E só de pensar no Livro de Bauman intitulado “Amor Líquido” como não relacionar com esses amores adaptáveis e na essência cada vez mais distante? A liquidez, a qual Bauman propõe vem do fato que os líquidos não têm uma forma, ou seja, são fluídos diferentemente dos sólidos que são rígidos e precisam de forças para moldar-se. E foi assim que se constituiu o meu humor nessa semana longa. Levando isso em conta, e o calor que tem feito, quero descansar o corpo e a mente, de preferência na companhia de amigos e de um líquido gelado com sabor de cevada, lúpulo e malte. No mais, deixa tudo escorrer porque a semana acabou. E que os bons venham comigo. ;)