"O ARRASTÃO"

. “ O ARRASTÃO”

De malas prontas, Natália estava eufórica. Finalmente iria realizar um sonho de infância, há muito desejado: conhecer o Rio, cidade maravilhosa com suas praias lindas como Copacabana, Ipanema, Leblon e outros pontos turísticos de que ouvira falar.

Olhava duas, três vezes para as malas para certificar-se de que nada estivesse faltando. Nelas, não poderiam faltar roupas suficientes para o número de dias que ficaria hospedada: roupas esportes e de banho eram imprescindíveis. Para não viajar sozinha, convidou sua melhor amiga, a Milene. As duas adolescentes faziam planos e mais planos . Com um mapa da cidade, buscavam lugares turísticos onde gostariam de conhecer.

Natália completaria vinte anos justamente no dia do Natal; nesse dia , seus pais estariam com elas, no Rio, a fim de festejarem juntos a grande data. Seus pais, orgulhosos da filha querida que além de trabalhar, estudava à noite, para que um dia pudesse sair daquela cidadezinha mineira, onde nascera. Não que ela não amasse a sua cidade, mas lá, por ser uma cidade do interior, não havia recursos para poder fazer uma boa faculdade e se formar em veterinária. Mas Natália era predestinada e sabia que mais cedo ou mais tarde, conseguiria realizar todos os seus sonhos.

Trabalhando já há dois anos e ganhando um salário pequeno, Natália conseguiu juntar, com o dinheiro das férias e da antecipação do 13º salário, hospedar-se num hotel de 5ª categoria, em Copacabana. Não era lá essas coisas, mas o importante era estar no Rio e curtir as belezas da cidade tão propalada como a mais bela e mais” acolhedora”...

Chegando ao Rio, de ônibus, pois as passagens de avião onerariam demais as economias que tivera tanto empenho em juntar... Da rodoviária para Copacabana, ao se informarem do preço do Taxi, outro choque! Muito caro!!! Temos de ir de ônibus mesmo... E assim, as duas jovens já cansadas de carregar as malas, chegaram, finalmente, ao “hotel paraíso”...

A fachada do hotel, não era ruim... HOTEL PARADISE. Pintada de branco, deixava boa impressão... Entraram confiantes... Rumaram para a recepção, identificaram-se e receberam a chave do quarto que iriam ocupar, com a recomendação: banheiros coletivos: um para os homens, outro para as mulheres...

No quarto, outra decepção, de fundos, pouca ventilação, roupas de cama encardidas e para não faltar, mosquitos e baratas voadoras. Pelo menos, toalhas elas trouxeram.

Na recepção, ficaram de solucionar os problemas encontrados.

O dia estava lindo, cheio de sol e as duas partiram para a praia que já estava cheia de banhistas. Estenderam a esteirinha que levaram e antes de entrarem na água, tiveram o cuidado de passar o protetor solar, coisa que a mamãe cansara de avisar para não esquecerem...

Milena estava com muito calor e preferiu entrar primeiro na água, enquanto Natália ficaria deitada na esteira, usufruindo daquele sol gostoso, agarrada à bolsa para que ninguém a arrebatasse. Pensando se valia a pena na aventura que empreendera, mesmo com as dificuldades encontradas, Natália não desanimou. Sentindo que o seu dinheiro não daria para chegar ao Natal pois tudo nessa cidade era caro demais, mas com o pensamento positivo de sempre, resolveu que telefonaria para seus pais pedindo uma ajuda em dinheiro para que ela não desistisse do seu intento, mas que assim que pudesse os reembolsaria...

Envolvida em seus pensamentos, acabou dormindo. De repente, Natália, sente que alguém puxa a sua bolsa, acorda e vê uma multidão avassaladora passando por cima dela correndo. Assustada, tenta levantar-se e quase é atropelada pelas pessoas. Por sorte, um policial consegue pegar o menor que a assaltou e lhe devolve a bolsa.

Agradecendo de coração ao policial que salvou sua bolsa, Natália disse-lhe que ouvira falar do arrastão nas praias do Rio, mas não imaginava que fosse de tal intensidade...

Ao ligar para os pais e contar o ocorrido, imediatamente, eles largaram tudo e vieram correndo para o Rio a fim de dar suporte ás duas jovens inexperientes.

Com os pais no Rio, Natália e a Milene se sentiram mais seguras e com eles fizeram longos passeios pelos pontos turísticos mais procurados como Pão de Açúcar, Corcovado, Cascatinha, no alto da Tijuca e também a outros passeios fora do município do Rio, como a Região dos Lagos, onde se concentram lindas praias como: Saquarema, Araruama, Búzios e muitas outras .

Finalmente, chegou o dia do aniversário de Natália e eles retornaram ao Rio, comemorando a data numa das mais antigas e conceituadas confeitarias: A Colombo. A comemoração foi num ambiente alegre, com os quatro saboreando os melhores quitutes, com direito a bolo de aniversário. Depois foram ver, ainda, a linda árvore de Natal da Lagoa Rodrigo de Freitas e por fim, assistiram os fogos da praia de Copacabana...

Acabados os festejos, foram dormir cansados, mas valeu a pena. Dia seguinte, tinham que voltar para a sua cidade, pois o trabalho os esperava...

ADENDO: Por favor, minha intenção não é denigrir a minha cidade. Ela é linda e suas praias também, porém poluídas. Nossa população sofre com a onda de marginais que descem das inúmeras favelas a fim de assaltar as pessoas e escolhem, justamente as praias, onde há maior concentração de banhistas descuidados. O arrastão é o mais apropriado para esse tipo de assalto. Fica difícil para a polícia caçá-los, pois eles se misturam entre as pessoas, causando terror aos adultos, idosos e crianças...

Afirmo, outrossim, que não haja pessoas honestas nas favelas. Ao contrário, são os que mais sofrem porque vivem aterrorizados com medo dos bandidos que as domina com ameaças.

O Rio e São Paulo, como todos sabem sofreram movimentos de bandidagens, quebrando tudo que passava pela frente como bancos, lojas, sinais de trânsito, queimando carros e ônibus, enfim, destruíram patrimônios de pessoas que nada tinham a haver com os protestos.

Resta saber, por que destruíam tudo? Eram, por acaso, por uma causa justa? Não!!! Claro que não. Destruíam pelo simples fato de destruir. Simplesmente vândalos, só isso!

Entretanto, nossos governantes têm muito a haver com isso. Pensando em apresentar serviço para colocar a cidade mais bonita, só pensam em copa disso, copa daquilo. Os estádios têm de ser os mais ricos e bonitos. As escolas e hospitais ficam ao Deus dará. Os doentes enfrentam horas e até um dia em filas para conseguir uma consulta e, às vezes, voltam para casa sem consegui-la. Nas escolas faltam vagas porque não tem professor. É um horror!

Agora, para os políticos corruptos e que roubam o dinheiro público, nunca faltam os melhores hospitais para socorrê-los

Tete Brito
Enviado por Tete Brito em 08/12/2013
Reeditado em 09/12/2013
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