Natal, festa de luzes
 
            Havia um cego que não queria ser curado, a fim de não perder seu lugar cativo em que pedia esmolas numa praça. Amava ouvir o tilintar das moedinhas no fundo da latinha de mendigo.
            Assim penso o católico que não gosta de caminhar, avançar, de descobrir um sentido mais puro da vida, de projetar o Evangelho nas ações do dia a dia.
            Viver a fé proposta pelo Advento – tempo de preparação para o Natal- é um compromisso.; é a inteligência caminhando de mãos dadas com sua irmã gêmea, a consciência.
            Mas, pra que, a exemplo dos Reis Magos, estudar no mapa caminhos que não se quer caminhar? Pra que acender, a exemplo dos pastores, a luz que vai iluminar minhas misérias, o lixo e as teias de aranha nos cantos empoeirados do coração?
            Ah!... doce conveniência de se manter cego, de ser católico medíocre ou mesmo mau católico para não sentir desejo algum de assumir compromissos com o Bem, com a Verdade! Pra não ter que imitar Jesus que “amou até o fim” e por isso, vejam o que lhe aconteceu: morreu crucificado! Ora. É muito mais saudável morrer na cama!
            Talvez por isso a alma refestelada pendure na porta do coração aquela plaquinha: please, don’t disturb! Por favor, não perturbe!
            Só não entendo o por que de tantas luzes