Necessidade de viver

Não faz muito tempo, que ministrando uma aula de poesia, deparei-me com alguns primorosos e singulares versos de Cecília Meireles:

“Não sejas o de hoje.

Não suspires por ontem...

não queiras ser o de amanhã.

Faze-te sem limites no tempo.

Vê a tua vida em todas as origens.

Em todas as existências.

Em todas as mortes.

E sabes que serás assim para sempre.

Não queiras marcar a tua passagem.

Ela prossegue:

É a passagem que se continua.

É a tua eternidade.

És tu”

Fiquei a ponderar sobre suas palavras. E até que ponto, eu poderia alcançá-las. Na minha pequenez, mais uma vez observei a temática da efemeridade da vida. E de fato, a vida assim se faz. Tudo que se passa ao nosso redor, é tão instantâneo, rápido, ligeiro como riscos de trovão no céu.

Essa fugacidade expressa nos versos de Cecília Meireles, parece nos trazer uma certeza: devemos aproveitar a vida com ímpeto e gozo, mas não com desespero. Devemos vivenciá-la com responsabilidade e não com metodologias.

Talvez, o maior erro do ser humano seja esse: vivenciar em excesso, as tribulações do presente, transformar seu passado em refúgio perfeito e idealizar o futuro como lugar seguro. Quando nos limitamos, deixamos as águas da felicidade e do aprendizado escorrerem entre nossos dedos. E, o medo de tentar o novo, o desconhecido, acaba se resumindo em angustiantes frustrações e traumas, companheiras para o resto da vida.

A necessidade de viver, jamais pode se apagar dentro de nós. O momento exato do fim da nossa existência, não tem aviso prévio. Enquanto, estamos aqui, saibamos contemplar a vida, com suas ausências e presenças.

Mayanna Davila Velame
Enviado por Mayanna Davila Velame em 14/12/2013
Código do texto: T4611590
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