Uma breve crônica sobre não esquecer

Ontem, tive um assombro de saudade que há muito não me rondava...

Estava em uma loja comprando um presente de Natal, quando surgiu diante de meus olhos uma camiseta que era a sua ''cara''. E num impulso eu a peguei como se fosse comprá-la. Quando a ficha caiu, senti uma decepção que não sentia já há algum tempo. Brinquei com o vendedor ''Será que se mandar um motoqueiro entregar ele saberá que sou eu?". A resposta do vendedor me assustou ainda mais que a saudade, ''Tente reconquistá-lo!", ele disse isto de forma tão enfática, que por dois segundos pensei em comprar o presente. Mas de forma rápida e racional, lembranças vieram a minha mente e vi que fiz de tudo, tudo mesmo para tentar ter você de novo. Dei presentes, fiz sua comida preferida, o doce predileto, me vesti com as roupas que você mais gostava e, por fim, implorei que não me deixasse. E sai da loja refletindo que fiz tudo o que uma mulher, realmente, pode fazer por amor. E de nada adiantou.

A saudade vai sempre estar lá, em um canto vazio, pronta para dar sinal de vida a qualquer momento que apareça um lembrança sua. Dói, mas tenho que aprender a conviver com isso, da mesma forma que consegui a viver com os seus defeitos tanto tempo (que não eram poucos)...

Ao andar procurando o presente que fui buscar, me lembrei de como você ficava feliz quando recebia um presente, era uma atitude ''quase infantil'' que me fazia tão bem. Na verdade quem era recompensada a cada lembrancinha que lhe dava, era eu. Pensei na hora '' Preciso de um outro namorado para dar presentes". Como se fosse fácil esquecer assim!

Voltei para os meus pensamentos sobre o presente que tinha que realmente comprar, esqueci da camiseta, mas a sensação de nunca mais ver aquele sorriso, quase que infantil, foi embora comigo... E foi quando percebi que esquecer as pequenas coisas, que me faziam feliz ao seu lado, vão demorar um pouco mais para ir embora.