Carta de aniversário á minha mãe! (Lembranças do quintal da minha avó!)

Hoje é o dia do seu aniversário! Gostaria tanto de estar aí do seu lado! Essa coisa chamada destino me impede, pois é dia de semana e moro em outra cidade. E moro distante porque um dia através dos seus ensinamentos, das suas lições de vida, assim como um pequeno pássaro aprendi a voar. Aprendi a seguir pela vida, para cumprir, meu destino de homem: Ter uma profissão, construir ao lado da pessoa amada um lar, educar e zelar pelas crianças, valorizar os amigos e honrar com minha conduta a família na qual nasci e me criei!

(rs) Não posso ir fisicamente, porque mentalmente, aqui estou nesse momento, percorrendo minhas lembranças de menino. E lembrar-me desse tempo, por um lado, é lembrar de todas as dificuldades que a vida lhe impôs. Todas as adversidades encontradas para dar conta de uma família numerosa, pois somos sete filhos seus! Nove seriam, se não houvesse dois anjos, ainda pequeninos, ido morar, novamente, junto com Nosso Senhor. Durante os anos mais duros, os anos mais difíceis, a senhora, valorosa guerreira, sempre manteve hasteada a bandeira da esperança!

A inabalável convicção de que o amanhã haveria de trazer um tempo melhor, um tempo de bonança e frutos doces, pois estava semeando a terra inóspita que encontrara, com o suor da sua labuta e seu esforço. E assim, foi que na profissão de professora, na missão de ensinar outras crianças a ler o alfabeto, a senhora, paralelamente nos ensinou a ler a vida! Nos ensinou o “bê-a-bá” da boa educação, alertou para a importância das boas companhias, para a nobreza do trabalho, para a riqueza de ser uma pessoa do bem! E os ensinamentos foram dados com o cimento do bom exemplo. Porque na sua vida, em todas as salas, repartições, reuniões, a senhora sempre entrou e saiu de cabeça erguida! Uma mulher, negra, com muitos filhos, bastante humilde, porém, muito, mas muito mesmo honesta!

E quando penso na sua tenacidade, na sua honestidade, na sua conduta admirável, mais fico encantado e apaixonado, por essa história linda de vida. A senhora, apesar de tudo e de todos, a senhora, com a sua garra, a sua determinação, a senhora venceu!

Onde muitos sucumbiu, a senhora permaneceu de pé; onde tantas desistiram da luta, a senhora teve a ousadia e a coragem de seguir adiante na batalha da vida; quando parecia mais fácil e sensato dar algum filho, para os padrinhos criar, a senhora teve a “insensatez” de tê-los consigo, ainda que para tanto, tivera muitas vezes, que amanhecer aos “pés” de uma máquina de costura, amealhando com esse esforço, as moedas necessárias para comprar na manhã que rompera, o pão e o leite dos meninos.

Amo esses seus cabelos brancos, a sua memória prodigiosa que sabe com exatidão da linhagem da família, amo o seu riso, a sua gargalhada quando perde o fôlego com alguma estória engraçada, amo estar ao seu lado, batendo papo, enquanto a senhora costura e toma uma cervejinha,