Acabei de quase ser assaltada em frente a uma Loja de Departamentos. O rapaz, blusa azul, mão no bolso, chegou bem perto de mim, visivelmente perturbado e alteradíssimo, pedindo dinheiro:

_ Passa aí o dinheiro.

Eu, em silêncio. Olhei para os lados e para trás, todos em transe, estáticos (ninguém se mexia). Ele repetiu: passa aí!

O que fazer?

_ Se alguém correr atrás de mim, eu meto a bala na cara. - ele se alterou.

Eu balbuciei:

_ Moço... (eu não sabia o que fazer, se abria a bolsa, se pedia socorro... )

E as pessoas paradas. Não vou julgá-las, porque eu mesma não saberia o que fazer se algo semelhante ocorresse na minha frente...

E o moço me encarando... Eu olhei pra ele e, devagar, comecei a abrir a bolsa... Pensei comigo: "ele pode levar tudo"... Porém, não disse nada.

Mas não sei por que razão, antes de abrir a bolsa, passei a mão numa das sacolas e abri. A primeira coisa que me saltou aos olhos: um livro do Padre Marcelo Rossi que eu comprara pra dar a um amigo, no Natal.

E guaguejei...

_ Olha, eu tenho um livro... O... senhor... aceita? (não acredito que eu dialoguei com o rapaz...)

_ Sério? A senhora me dá o livro?

" É um Milagre isso!" - pensei... Eu me animei, peguei o livro e, por milésimos de segundos, cheguei a achar que ele gostaria mesmo de ter um livro que falasse de espiritualidade...

_ Qual o seu nome? - perguntei, já com o livro pronto para ser entregue...

_ Édson.

Pensei  em dizer umas palavras ou, quem sabe, fazer uma dedicatória...ou quem sabe... nem eu sabia o que pensar...

Ele pareceu ler meus pensamentos, pegou de súbito o livro das minhas mãos e saiu correndo, dizendo que ninguém iria escrever *&#%$ no livro, que o livro era dele, e ele iria fazer o que quisesse com o presente.

Fiquei parada, olhando, enquanto ele corria...

Aí vieram várias pessoas em meu "socorro". Um homem disse: ele vai vender o livro pra comprar drogas.

Outra acrescentou: que susto, fiquei com medo da senhora correr e ele lhe fazer algo...

E uma mulher: a senhora é corajosa, fiquei dali detrás fazendo sinal pro meu marido que a senhora não tinha nada que abrir a sacola...

Pois é... Eu realmente não sei o que eu deveria ter feito. O fato foi que ele não me fez nada, não fui assaltada, e ainda "dei um presente" a um "suposto assaltante" que, provavelmente, vai vendê-lo (o livro) para comprar mais drogas...

Mas, como estamos em época de Natal, e eu acredito em DEUS (mesmo em qualquer época), agradeço pelo dia de hoje, porque nada de mal me aconteceu. E ainda acrescento em meus pensamentos/orações:

O livro se chama Kairós, que significa 'Tempo de Deus'... Portanto, quem sabe ele não leia o livro, ou, de alguma maneira, a vida deste ser se renove? Tempo de DEUS, Tempo de Advento...Tempo de Renovação... Quem sabe, não? Nada é impossível.

Feliz Natal, Édson!

(Adriana Luz 18 de dezembro de 2013)

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