SONHOS
Eu tenho um sonho. Já tive vários. Alguns me escaparam. Estão por aí, estranhos caminhantes no meio da multidão. Nem todos se extraviaram. Alguns foram aparados em plena queda por mãos habilidosas. Transformados em sonhos de outro, deixaram de me ser caros. Talvez, o brilho no olhar, ao falar deles, tenha sido o motivo da traição. Também, quando meus, eram tantos! Na mesa, pediam pão e não pude alimentá-los. Fugiram para o templo pulsante dos carentes de sonhos. Usaram-me para ser realizados, pois este é o fim único de todos. Pouco importa o sonhador, o tecido infinito com que tecem sua rede continua a nos prender uns aos outros com os nós transparentes do destino. Para retê-los, em vão é o livre arbítrio do sonhador contumaz. Este, diante de tanta opção, se vê paralisado tempo suficiente para perdê-los de vista. Fraqueja aquele a quem tanto foi dado sem nada pedir. Impassível o sonho segue em frente. Acontece que neste mundo cíclico, outras mesas deixarão a desejar. Faminto, o sonho pródigo retorna, porém não mais se reconhece. Parece coisa de menor importância, pois não é o que queríamos. Na verdade, nem sabemos mais querer. Contudo, quando pela medida da Graça temos o privilégio de aceitar que o sonho nos escolha em vez de nós a ele, podemos verdadeiramente honrar a Vida. Realizemos o que foi sonhado por nós, Cristo ou Mandela, atentos percebemos que o sonho é imorredouro.
Eu tenho um sonho. Já tive vários. Alguns me escaparam. Estão por aí, estranhos caminhantes no meio da multidão. Nem todos se extraviaram. Alguns foram aparados em plena queda por mãos habilidosas. Transformados em sonhos de outro, deixaram de me ser caros. Talvez, o brilho no olhar, ao falar deles, tenha sido o motivo da traição. Também, quando meus, eram tantos! Na mesa, pediam pão e não pude alimentá-los. Fugiram para o templo pulsante dos carentes de sonhos. Usaram-me para ser realizados, pois este é o fim único de todos. Pouco importa o sonhador, o tecido infinito com que tecem sua rede continua a nos prender uns aos outros com os nós transparentes do destino. Para retê-los, em vão é o livre arbítrio do sonhador contumaz. Este, diante de tanta opção, se vê paralisado tempo suficiente para perdê-los de vista. Fraqueja aquele a quem tanto foi dado sem nada pedir. Impassível o sonho segue em frente. Acontece que neste mundo cíclico, outras mesas deixarão a desejar. Faminto, o sonho pródigo retorna, porém não mais se reconhece. Parece coisa de menor importância, pois não é o que queríamos. Na verdade, nem sabemos mais querer. Contudo, quando pela medida da Graça temos o privilégio de aceitar que o sonho nos escolha em vez de nós a ele, podemos verdadeiramente honrar a Vida. Realizemos o que foi sonhado por nós, Cristo ou Mandela, atentos percebemos que o sonho é imorredouro.