Reclame, reclamo

Não sei o que há na chuva que me deixa num estado de sentimentalismo imenso. Penso no Mar sendo cruelmente chicoteado por aquelas fitas d´água, que sacodem impunemente o gigante salgado.

Olho para as janelas marcadas pelas gotas e sinto que nelas estão os ecos de mil pessoas. Pessoas que gritaram ao verem a chuva, que correram para se proteger, que se conheceram debaixo de uma pancada de água.

A chuva me lembra despedida, como se os Céus se livrassem de um fardo insustentável. Quilos de amargura, despejados como uma seiva que se dissolve neste mundo que tudo aceita.

Sim, penso naqueles que perdem tudo por causa da chuva, mas também naqueles que esperam uma vida através da mesma chuva.

Ah, acho que sou apenas um sentimental bobo, insatisfeito por não poder tomar uma boa chuva quando bem entendo.