COITADO DO LULA

Coitado do Lula, sempre alvo de deboches. É um homem lutador, filho de pais analfabetos, ele também o é, vindo do agreste de Pernambuco, mas é um iluminado. Começou do nada, trabalhou muito, foi pobre e continua, depois de tanta luta, sem meios suficientes para sobreviver junto à sua família, cujos membros também têm recursos muito limitados para uma vida extremamente modesta.

Sua vida foi de muito sofrimento, teve que vir para São Paulo, onde trabalhou por cerca de 9 anos como metalúrgico, perdeu um dedo numa máquina da fábrica, aposentou-se por invalidez, tornando-se um bravo líder sindical cuja missão era fazer greves e instigar os pobres trabalhadores contra os patrões desalmados. Fundou um partido político e conseguiu eleger-se deputado federal, quando, em um discurso patriótico, afirmou que a Câmara é composta por 513 picaretas, entre os quais ele próprio.

Obstinado por seu ideal republicano, conseguiu, após três tentativas frustradas, eleger-se presidente da república, derrotando finalmente os famigerados representantes do capital. Aí percebeu, devido à sua inteligência privilegiada, que teria que agradar a dois setores da sociedade: os capitalistas e os sem terra, sem teto, sem comida, sem nada. Criou ou aperfeiçoou políticas de assistência social para atender a um contingente enorme de pessoas sem renda, porque não trabalhavam. Como resultado da sua exitosa política assistencial, conseguiu verdadeiro milagre ao fazer uma distribuição da riqueza de tal forma que mais de doze milhões de famílias podem sobreviver à custa dos impostos arrecadados dos cidadãos que os pagam, sem a necessidade de se preocuparem com qualquer tipo de trabalho. Dizem que até um gato, de tão faminto, foi beneficiado por alguns meses com a caridade do tal programa assistencialista.

Devido aos enormes encargos decorrentes do programa, além de constantes desvios de dinheiro público praticados pelos que ele chamou de picaretas, bem como por outros que ele se esqueceu de mencionar, não sobrou nenhum dinheiro para construir obras de infraestrutura que pudessem estimular o desenvolvimento do país, além de não ter podido melhorar os sistemas de educação e saúde. Sentiu-se tão aborrecido com a situação que decidiu não desistir, apesar dos oito anos em que tentou fazer de tudo pelo bem do país. Sofreu muito.

Por essa razão, criou um novo personagem que seria capaz de sucedê-lo e levar adiante um plano de desenvolvimento chamado PAC, plano de aceleração do crescimento. O plano consistia em listar tudo aquilo que foi pensado em construir, incluindo os projetos de desenvolvimento de empresas estatais, ideia esta que, de tão original, jamais foi imaginada por outros governantes. Após alguns anos, verificando-se que o PAC empacou, teve a brilhante ideia de lançar o PAC II. Para sua decepção, não havia dinheiro para fazer coisa nenhuma e os PACs fracassaram, mesmo tendo consumido alguns bilhões de reais, sem nenhum benefício para o país. O Lula ficou muito triste.

Mas ele é tão obstinado que não desistiu, mesmo com a ferrenha oposição torcendo contra e dificultando as suas iniciativas. Vai continuar trabalhando com afinco, como sempre fez, para que a sua criatura tenha nova oportunidade de fazer, em quatro anos, o que não pode ser feito em doze. Mesmo contando com auxiliares da mais comprovada competência, além da integridade de caráter de todos eles, seu idealismo por um Brasil melhor é cada vez mais evidente.

Por tudo o que foi dito, e também pelo que não foi, Lula jamais sairá da memória dos brasileiros de verdade, entrando para a história como um verdadeiro mártir, que lutou contra tudo e contra todos por um Brasil melhor. Só não conseguiu devido a forças invisíveis que o impediram de realizar a sua grande missão patriótica. Essas forças invisíveis já haviam se manifestado durante um breve governo que teve o Brasil nos anos 60, que acabou por renunciar.

Augusto Canabrava
Enviado por Augusto Canabrava em 31/12/2013
Reeditado em 06/05/2016
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