OS DIAS

Na próxima terça-feira, dia 31 dezembro, às 24 horas, termina mais um ano, o de 2013. Como é por demais sabido, cada ano é composto de doze meses, que perfazem um total de 365 dias, excetuando-se os anos bissextos - que ocorrem a cada quatro anos – nos quais os meses de fevereiro têm 29 dias. Isso para ajustar a contagem do tempo ao movimento de translação da Terra. O último ano bissexto foi o de 2012 e o próximo, portanto, será o de 2016.

Os meses de janeiro, março, maio, julho, agosto, outubro e dezembro têm 31 dias; abril, junho, setembro e novembro, 30, e só o de fevereiro tem 28 ou 29, no caso de ser bissexto. Portanto, sete meses são de 31, quatro de 30 e um de 28 ou 29, conforme vimos. Cada mês tem em média quatro semanas, cada semana 7 dias, cada dia 24 horas, cada hora 60 minutos, cada minuto 60 segundos e os segundos ainda são medidos em décimos ou centésimos pelos relógios cronométricos, sobretudo nas corridas de Fórmula Um.

Interessante é como vivemos a nossa vida quase que indiferentes a essas frações de segundo que a vão consumindo imperceptivelmente. No meu caso, até agora, às quinze horas do dia 28 de dezembro de 2013, já vivi 89 anos, 3 meses, 7 dias, 15 horas, 21 minutos, sem contar os segundos, que passam rápidos. Nesta altura, enquanto o tempo vai passando velozmente, pergunto-me: quantos minutos, horas, dias, semanas ou meses ainda viverei? Só Deus, que é o dono do tempo e de nossas vidas, só Ele sabe.

Nasci no longínquo dia 20 de setembro de 1924. Como passou rápido o tempo! Quando menino, meu desejo era que os anos passassem logo para me tornar um rapaz; quando rapaz, a vontade era ser adulto, e, curiosamente, a aspiração maior era ser funcionário do Banco do Brasil, por dois motivos: na melhor casa da rua (que, anos depois, meu irmão compraria), próxima àquela em que eu morava, residiram dois altos funcionários do Banco. O primeiro, o senhor Inácio Azevedo de Amorim Caldas, que só andava de terno de linho branco e não cumprimentava ninguém em suas idas e vindas; e o outro, o sobralense Raimundo Araújo de Andrade, a simpatia em pessoa, que se dizia ainda parente de minha mãe e costumava entrar em nossa casa como um familiar. Casou-se em Mossoró, com Maria das Vitórias Oliveira, foi professor da Escola de Comércio e, algum tempo depois, foi transferido, como gerente, para Cachoeiro do Itapemirim. O segundo motivo: quando meu pai me mandava pagar alguma duplicata no Banco e eu via aqueles funcionários engravatados, alguns até de paletó, sentia uma admiração muito grande, mas não pensava nunca que algum dia viria a ser um seu funcionário e ocupar a sua gerência.

Pois bem: o tempo foi passando, estudei, fiz concurso, passei e tomei posse, juntamente com mais quatro amigos, no dia 19.11.1943 (o dia mais feliz da minha vida, porque abriu para mim muitas perspectivas), já tendo esse fato completado 70 anos no último dia 19.11.2013. Vejam só, setenta anos! Em 11 de janeiro de 1947, me casei com Brasília, meu segundo dia mais feliz, uma união que já vai completar agora em janeiro 67 anos.

E agora? Quais são, ainda, as minhas perspectivas de vida? Confesso que, pelo que sinto, não sou otimista. Posso viver ainda alguns meses, talvez – quem sabe? - até mais um ano. Talvez ainda chegue a ver algumas das grandes transformações que certamente ocorrerão nos costumes e progressos inimagináveis no campo científico/tecnológico. Até medito (sei que isso seria absoluta e absurdamente impossível), mas, assim como, quando menino desejava ser rapaz e logo depois adulto, às vezes penso: Ah! Como desejaria retroagir no tempo e voltar àquela fase da infância. Tolice, pois iria despertar num mundo totalmente diferente daquele em que as vivi (a infância e a mocidade). Até pela vida que têm os meus bisnetos – um, com 10 anos, já falando inglês - quase anestesiados pelos computadores e pelos atuais iPhone e outros produtos até mais modernos. Não têm aquela alegria pura de correr livres pelos campos, de bater “peladas”, de soltar pipas coloridas ao vento... Mas, foi só delírio. Se cada dia foi importante em minha vida, assim como na de cada pessoa dos bilhões que povoam a Terra, assim cada dia do novo ano e dos próximos que sei que não alcançarei, seria cada vez mais importante! Daí o título desta crônica: “Os Dias”. Poderia ter sido: “As horas”. Ou “Os minutos...” Ah, como o Tempo passa...

Natal, 28.12.2013

Obery Rodrigues
Enviado por Obery Rodrigues em 03/01/2014
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