Passaro Preto

“Passo Preto”.

Acho que eu tinha oito para nove anos e morava no sítio. Tudo corria as mil maravilhas até que eles chegaram. Os Homens de Preto. A primeira idéia seria “homens de preto” policiais do futuro á procura de alienígenas. Quase isto só que eles eram os alienígenas. Interferindo em quase tudo. Casais que viviam junto à anos foram obrigados a casar. Curiosamente, a menos de um ano, estavam separados. Pessoas que abandonaram o vício do álcool. Em um ano morreram. Pertenciam os ditos cujos a uma facção da igreja católica eram monges de algum lugar. Todos falavam o português com dificuldade e quando sós , eu flagrei , falando em uma língua estranha hoje sei latim e alemão. Eram homens de muita cultura e pouca piedade e educação. Vieram para modificar. Diziam doutrinar, também vi alguns destes acariciando meninos e meninas o que para mim os descaracterizava de homens de Deus. Hoje sei que esta prática é típica dos “Homens de Deus”. Bem quando chegaram ao sítio todos tremeram. Católicos não praticantes, mas temente á Deus receberam os catequistas com muito respeito. Nossa dispensa foi esvaziada, para ajudar os pobres, mas usados para um banquete onde eles eram os comensais. Como tudo o que diziam eram leis incontestáveis sabia que não ficaria sem chumbo. Após palavras doces tomei vários croques, e tapas na cabeça acompanhado da frase:- menino mau, menino mau. Sob o olhar protetor de meu pai, pegaram minha gaiola com meu pássaro preto de estimação, e fizeram uma boa ação. Foi solto e dito a todos da boa ação ao soltar o pobre pássaro que agora poderia voar livremente na natureza. Se soubessem, mas meu pai não me deixou dizer. O pássaro preto pegou filhote e como era cego tratei dele e o guardava na gaiola, não sabia voar e nem poderia, pois seria vítima dos predadores que eu evitava soltando poucas vezes e guardando na gaiola depois de brincar um pouco. Porém se debatia e machucava fácil. Depois dessa boa ação do Santo Homem o problema acabou. Achei depois de longa procura uma asa, o bico e seus pezinhos que os gatos dos vizinhos não quiseram comer. A vida me ensinou então e estou sempre de sobreaviso. Normalmente ficamos alerta quando vemos três ou quatro estranhos, analisamos seu comportamento e nunca os perdemos de vista até saírem do bairro. O mesmo acontece com os religiosos, principalmente monges de qualquer religião. Ninguém melhor que eles para conhecer o pecado. Porque são os que mais praticam. Comigo esta antipatia começou quando mataram meu pássaro preto dando-o de presente aos gatos do vizinho. Ah! Mas eles não sabiam, por não saber deveriam procurar se informar a respeito. Penso em quantas maldades foram cometidas em nome da religião com o fito de corrigir o que está errado. Fico feliz quando leio a respeito dos caetés que fizeram um churrasco ali em Itanhaém com saborosa carne de monges que vieram salvar almas aliciando jovens índios e índias em nome da santa amada igreja. Oripê Machado.

Veneno de Cobra.

Oripê Machado
Enviado por Oripê Machado em 04/01/2014
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