VOU PENSAR SE EU VOU...

Varizes são veias que, em vez de ficar escondidinhas onde Deus as colocou, sem mais nem menos, um dia se revoltam, se dilatam, deixam de ser retinhas, saltam à flor da pele e ficam se amostrando para todo mundo. Seus filhotes são chamados de “vasinhos” e parecem que queriam ser geógrafos, mas como não lhes é permitido tal coisa, eles ficam endiabrados e se vingam deixando as pernas de seus portadores com aparência de mapa hidrográfico.

Fui investigar sobre essas benditas e descobri que as mulheres são mais acometidas, uma vez que os hormônios femininos diminuem a força das paredes das veias, deixando os vasos mais fracos, sobretudo durante a gravidez. Contudo, não estão livres delas as pessoas que: a) ficam muito tempo na mesma posição, pois isso prejudica a circulação do sangue nos membros inferiores; b) os obesos e sedentários; e c) as pessoas com intestino preguiçoso, que por vários anos, fazem força para evacuar, o que acaba pressionando as veias nas pernas, aumentando as chances das varizes aparecerem.

Todos esses fatores já seriam suficientes para eu ter sido “contemplada” com essas pragas, mas como se não bastassem há em minha “linhagem” a causa incontrolável: a predisposição genética. Eu e meu irmão mais velho, o Nilo, fomos premiados com as veias revoltosas que “embelezavam” as “canelas” de nossa avó materna e de nossa mãe. Como o Nilo tem umas “bichonas” revoltosas demais, fiquei achando que ou ele foi mais premiado, porque nasceu primeiro, ou tem o intestino mais preguiçoso que o meu!

No início de novembro de 2013 eu decidi que em 2014 eu iria me “divorciar” das sujeitas que me causam tanta dor e cansaço nas pernas, por isso fui procurar um angiologista. Pensei que bastariam umas aplicações de injeções (que, aliás, não são baratas), mas qual não foi a minha surpresa ao saber que seria necessária uma “pequena intervenção cirúrgica”. Saí do consultório com o pedido de consulta a um anestesiologista, além de uma série de pedidos de exames sanguíneos.

Uns dez dias depois, após eu ter tido o prazer de rever um querido ex-aluno do Colégio Cristo Rei (onde trabalhei por 16 anos), Antônio Biancardi Júnior, que se tornou médico anestesiologista, saí de seu consultório com a recomendação de fazer o risco cirúrgico com um cardiologista, pois “minha idade recomenda”.

Quando consegui que um doutor auscultasse meu coração e fizesse um eletrocardiograma; saí de seu consultório com dois pedidos: um de eco doppler do coração e outro de teste de esteira, ambos por que “minha idade recomenda”.

Uns quinze dias depois, quando consegui fazer esses dois exames, voltei ao angiologista para lhe mostrar os resultados fornecidos pelo anestesiologista e pelo cardiologista, e para me submeter a uma Ecocolor Doppler das varizes. Saí com a cirurgia marcada para o dia 21 de janeiro de 2014, às 6 horas, e com duas folhas: uma para eu pedir autorização à Unimed para me submeter ao procedimento cirúrgico e outra com uma série recomendações para a véspera dele.

Como as autorizações de cirurgia só são válidas por 30 dias, deixei para solicitar a minha no dia 26 de dezembro de 2013. A primeira coisa que a atendente me pediu foram os resultados da Ecocolor Doppler das varizes, mas eu não os tinha, pois não me foram entregues no dia, e nem eu sabia que deveria pegá-los posteriormente.

Fui à clínica onde atende o angiologista para descobrir que o mundo só voltaria a funcionar no dia 06 de janeiro de 2014. Nesse dia, logo cedo, eu juntei a montanha de papéis e de exames de que já disponho e rumei para a Unimed. Sorte minha, porque além do pedido de cirurgia e do Ecocolor Doppler das varizes, a atendente me pediu o resultado do risco cirúrgico também.

Tenho pensado muito em tudo isso, aventei duas hipóteses para o desenrolar dessa história: a) minhas varizes e vasinhos não querem se divorciar de mim de jeito algum; b) isso é um aviso da Clara Nunes, a cantora que morreu tentando se livrar das dela.

Como ainda faltam alguns dias... Vou pensar se eu vou aparecer lá às 6 horas da manhã do dia 21 de janeiro de 2014 para tomar uma injeção nas costas e sentir os “rios Amazonas e Doce” serem retirados como macarrões azulados (?). Talvez seja melhor eu ficar com o meu “mapa hidrográfico” mesmo, do que ir cantar “É água no mar, é maré cheia, mareia, oh, mareia...” no céu. E olha que eu nem tenho certeza se eu vou para lá.

NORMA ASTRÉA
Enviado por NORMA ASTRÉA em 09/01/2014
Código do texto: T4643285
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.