Questão de lápis

"CONTAGEM REGRESSIVA, O FIM ESTÁ PRÓXIMO?"

Foi com tal sentença que meu dia começou. Um bilhete despretensioso, entregue por alguém que nunca vi. Na verdade, de despretensioso não tinha nada. Fortes palavras que podem levar alguém a cometer loucuras, ter alucinações, ou simplesmente raciocinar.

Depois de ler coisas como "falsos profetas", "Filho do homem", "reino contra reino" e "relâmpago do oriente", fui ao começo do texto e me perguntei se o fim está realmente próximo. Então, com cara de dúvida e resquício de noite mal dormida, pensei em outra questão: e se nada disso começou?

Parece que o mundo ainda é um esboço, uma pré-seleção de povos, pessoas e atitudes. Toda a história é mera narrativa de fatos, mas não acontecimento. O que nos dizem é uma vontade, não a certeza. Estamos todos na fila, esperando o Divino apertar o botão e disparar pra tudo quanto é lado.

Mas daí eu penso em outra coisa: e se tudo isso já acabou? Vivemos então num eco, que rebate nas paredes ociosas do universo que já não existe mais. Não somos nem mesmo matéria. Então não importa o que se tem, nada disso. Nossas ações já foram tomadas.

E agora, em que tempo estamos? O eco, o fim ou a pré-seleção? George Michael disse que estamos nos dias das mãos vazias, logo é o eco. Já Vianna e sua trupe disseram que o tempo é um trem que demora a passar, então é a pré-seleção.

Quanto ao fim... Bem, segundo o papel que recebi, basta assinalar "aceito JC como o salvador pessoal", que não haverá nada com o que se preocupar. E eu aqui, me preocupando com ecos e conspirações diversas. Ainda não decidi se assino SIM ou NÃO. Em todo o caso, usarei um lápis, vai que eu mude de ideia.