De Janeiro a Janeiro...

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Gostaria de lhe fazer uma dedicatória, caso eu lhe conhecesse intimamente. Você é realmente uma pessoa difícil de se deixar conhecer. Eu tentei perguntar a vários amigos seus, e até a alguns familiares. Cada um fala sobre uma característica sua. Lembram-se de algo... E eu fico me remoendo se aquilo que falaram é você mesma ou apenas uma parte, um lampejo de um dia em que conviveram com você, numa festa, num dia, numa noite, numa tarde, numa época. Até colegas de trabalho seus, consultei... E enfim, tenho de você, um quebra-cabeças...

E então penso em te descrever (quanta prepotência!)... Como eu posso definir sua pessoa, se todos com quem falo, sabem de você apenas sobre algo que viram num “determinado” momento? ... Eu queria assim, saber de você, ouvindo de alguém que a conhece por inteiro, realmente, profundamente, não por suposições, comparações , exemplos...

Você poderia me dizer a quem perguntar? ( em 2014)

“(...) Se pudesse, se eu conseguisse fazer, o que poderia ser chamado de “Cantos”, por mim, seria mais ou menos assim:

Que eu possa amar, sem que tenha necessidade de saber se o outro me ama;

Que o outro possa me amar, sem que tenha necessidade de saber se eu o amo também;

Que eu possa me amar, sem achar que estou sendo egoísta ou que esteja fazendo alguém sofrer;

Que eu possa me doar, sem que o “beneficiado” me cobre por essa doação;

Que eu possa ter medo, todos os medos do mundo, sem que isso me paralise;

Que eu possa me paralisar, sem ter a sensação de que estou perdendo alguma coisa;

Que eu possa perder alguma coisa, sem que fique me martirizando por séculos;

Que eu possa ganhar algo, sem que eu me sinta acanhada por isso;

Que eu possa pensar, sem dar explicações sobre o que penso, ou por que penso;

Que eu possa não pensar, sem explicar por que não tenho opinião formada ainda sobre algo;

Que eu possa passar milênios sem falar com alguém e, de repente, lembrar-me dele, ligar e, no lugar de um “até que enfim”, eu ouça um “que bom que ligou”;

Que eu possa ter amigos, sem que sinta a obrigação de fazer com que meus amigos sejam amigos de meus amigos;

Que eu possa dormir demais ou ter insônias consecutivas, sem que isso seja interpretado como fuga de alguma coisa;

Que eu possa sair sem rumo, sem que isso pareça que eu esteja perdida no mundo;

Que eu acredite em minhas ideias, sem desistir na primeira ressalva que encontrar;

Que eu mude de ideia, sem que isso pareça um ato volúvel;

Que eu possa ser individual, sem que isso soe como um desejo de abandonar meu coletivo;

Que eu possa escolher se quero ir, sem achar que se eu for perderei algo;

Que eu possa resolver ficar, sem que isso signifique, para mim, angústia ou covardia;

Que eu possa escrever, sem que pareça que o escrito é o que vai na minha alma;

Que eu tenha alma...

E que ela possa se cansar, chorar, silenciar, gritar, despir-se, rasgar-se... Rezar... Eternizar-se, enfim... E, acima de tudo, acreditar que, para ela, haverá realmente uma Sublime Canção...Em algum lugar...

É isso...

(Adriana Luz - em janeiro de 2005)

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