Os rádios, as rádios.

Rock and roll tudo bem...mas a verdade é que eu sempre gostei de música e das coisas que a envolvem: revistas, rádios (estações), rádios (aparelhos). Lembro-me bem de quando morava na Rua Luiz de Vasconcelos, número 37-fundos, aliás, minha primeira casa, onde morei até meus vinte anos,...Meu pai tinha um rádio daqueles antigos, valvulados, caixa de madeira, ondas médias, curtas. O bicho ficava numa prateleira à altura do batente da porta da cozinha pro quarto. Era muito alto, ainda mais olhando dos meus 5 anos de idade e pouco mais de um metro de altura. Só depois entendi que meu pai tentava preservar o aparelho de nossas cabeças curiosas, e ao mesmo tempo tentava preservar nossas cabeças curiosas do aparelho (o trem era pesado). Mas foi através dele que ouvi muito Zé Bétio, Silvio Santos, Barros de Alencar (as sete campeãs), Gil Gomes. Ouvia tudo compulsiva e compulsóriamente.

As coisas melhoraram um pouco quando o pai ganhou de aniversário um rádio à pilha. A mãe, que havia juntado uns trocos durante o ano todo, comprou o rádio e pediu pra nós entregarmos o presente. Ficamos tão felizes quanto ele, pois sabíamos que a democracia haveria de ser implantada finalmente nas ondas do AM. Foi aí que finalmente eu pude acompanhar as novidades do mundo pop/funk através das rádios Difusora e Excelsior (á máquina do som!). Essas duas estações tinham uma programação muito semelhante às rádios FMs. Nesse perído eu conheci Kool and the Gang, Brass Construction, Jimmy Bo Hoorn, e outras pérolas do pop/funk/disco. Mas ainda assim era apenas AM.

A frequencia modulada só chegou em casa quando eu recebi meu primeiro salário de office-boy. Comprei um motorádio am/fm a pilha. Chegava em casa do trabalho e já ia direto pro radinho ouvir a Antena 1, Cidade FM, Jovem pan II. Nessa época eu aproveitava pra ouvir os sons com mais fidelidade no três-em-um Sanyo do Mitsu, pois o Sergio Canavial, que morava na minha rua, mesmo tendo um bom aparelho de som, só ouvia a rádio América (rádio AM bem popular).

Eu já havia sido recrutado pelo Rock quando consegui botar um som mais potente em casa: era um toca-fita de carro TKR, adaptado num rack com fonte transformadora e alto falantes Bravox. Eu comprava os LPs e pedia pro Sergio gravar em fitas cassetes. Ao lado do rack eu deixava o disco do Kiss (The Creatures of Night), com aquela capa com as figuras demoníacas me encarando, e me lembrando o tempo todo...que eu havia sido recrutado.

Cuga e Laudinho, outros recrutas, graças aos seus salários de contínuos, puderam comprar no Mappin da Praça Ramos, um aparelho tres-em-um da National, 80 watts rms...era pouco, mas mesmo assim fizemos nosso primeiro baile roqueiro na garagem do cuga com ele.

Zoly era um cara de sorte. Tinha um Gradiente modulado (tape-deck, reciver e toca-discos separados) com 120 watts de potencia. Melhor que o dele somente o do irmão do Bicelly: Sintonizador, mixer, amplificador, tape-deck, toca-discos...tudo separadinho e trossentos watts de potência).

Depois do meu TKR, eu tive um dois-em-um (reciver e toca-discos) de 100 watts...juntamente com um tape-deck de segunda-mão que comprei na rua Santa Efigênia. Eles ficavam num rack de madeira que eu havia pedido pro Bikoka fazer. Nessa época eu já morava na Rua Vichy, 212.

Pouco tempo depois chegávamos a era dos Microsystems. Eu tinha um Gradiente com controles deslizantes. Mas meu sonho mesmo era o da AIKO. Walkmans eu tive aos montes...principalmente aqueles coloridos que a mãe do Faraó (Rogério, primo da Marina) trazia do Paraguai. Usei muito walkman quando fazia bicos de digitador, trabalhando a noite.

Agora a moda é o mp3...eu mesmo tenho um, que encho de músicas da década de oitenta. E também tem as rádios temáticas de internet: pop/rock anos 70/80, funk old school, classic rock... tá tudo lá...basta sintonizar, e se conectar ao eterno.

Gilberto Messias
Enviado por Gilberto Messias em 26/04/2007
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