O encontro ansiado

Prólogo

No encontro revestido por aura sublimada, há muito ansiado, numa cama espaçosa com lençóis de seda perfumados, a promessa mantida regala os corpos e instintos dos amantes faceiros.

Não se viam fazia tempo, mas sonhavam os que se desejavam com aquele não fortuito encontro esperado que, certamente, não seria o derradeiro.

EIS COMO ACONTECEU O ENCONTRO ANSIADO

Vendamo-nos porque não me permites abrir os olhos. Justificas essa prazerosa sanha dizendo que assim as sensações se tornam mais desabridas, tais quais mais insolentes e atrevidas são nossas mãos.

Beijo-te ávido aonde me conduzes com mãos pequenas, faceiras. A esse jogo demos o nome de apenas sentir para depois cheirar, beijar, lamber e chupar. Temos pressa! Não queremos, mas, depressa o tempo passa quando se está feliz. Sob o telhado de vime, também conhecido por salgueiro, e condescendência da lua silente nossos cheiros se misturam ao do meio ambiente, quando rebrilham nossos corpos trêmulos e excitados.

O teu rosto jovem, enrubescido, é apenas imaginado pelo calor que transmite. Entre mim e tu há uma atmosfera radiante porque juntos aprendemos essa nova linguagem do amor sibilante. Outrora nada nos prometemos nos infindáveis instantes em que estivemos juntos. Hoje, nesta noite alvissareira, embriagados um pelo outro, como frutos maduros oferecemo-nos aos nossos desígnios.

BENDITO ATREVIMENTO E INICIATIVA GRATIFICANTES

Não és como as demais muitas jovens mulheres infames, hipócritas, cujas tortuosidades de caráter as faz nefastas figuras humanas, horrendas, inseguras, desconfiadas, mal-amadas, transbordando de iniquidades, excesso de fráguas, tristezas de vanguarda que as consomem por dentro como vermes apocalípticos em decomposição.

Sempre que nos encontramos, até a sofrida volta para nossos nichos pessoais, queremos nos transformar no melhor vinho, néctar que escorrerá por nossos corpos feito dulcíssimo mel. Hoje estás mais ousada. Mais solta. Tão segura e atrevida a ponto de me fazer crer ser possível um novo alvorecer e pleitear outras audácias desejadas.

Tuas palavras encorajadoras, insinuantes, que me fizeram ter um arrojo atrevido, sem igual, são assim sussurradas:

"Apague o incêndio que em meu interior cresce até o subir incontrolável de um grito ardente. Desejo embebedar-me na doçura do teu sumo e anseio que se alastre no recôncavo de meu ventre o morno néctar da vida. Quero tua língua, chama e pétala em minha boca, igual à orquídea rósea, fulva, selvagem e pura. No interior de meu corpo febril quero que te enraízes soberano".

CONCLUSÃO

Não te seduzi! Seduzimo-nos impudentes!

Sei que venceste a tempestade das dúvidas que te obliteravam as iniciativas mais gratificantes, quando me pediste em vagido plangente para que eu te devassasse as partes pudendas, trêmulas e sequiosas pelos meus beijos molhados, ansiosos, ardentes.

Ousaremos mais. Muito mais. Nossos avessos serão devassados em momentos outros e não fugazes, durante intercursos ansiados e fantasias pleiteadas, talvez proibidas, mas por isso mesmo desejadas e incentivadas de forma ostensiva ou subliminarmente na extremosa posse ansiada e consentida.