Árvore cupido

Natália, apaixonada por dança desde adolescente, não perdia um baile no Salão Paroquial de Santo Antônio. Trabalhava e estudava com afinco a semana toda, mas aos sábados e domingos gozava de folga para se aprontar e sair para curtir a noite. A moçada divinopolitana frequentava o Salão Paroquial por ser este espaço de lazer um ambiente agradável, com boa música, muita animação e onde imperava uma conduta respeitosa tanto das moças quanto dos rapazes. Caso contrário, o infrator era primeiramente advertido e depois convidado a se retirar caso não modificasse o seu comportamento inadequado. Havia um responsável que zelava pela ordem e organização e as normas da Casa eram respeitadas por todos.

Hoje o Salão Paroquial aboliu os bailes mas ainda sedia diversos movimentos religiosos, culturais e comunitários.

Num destes bailes, Natália foi apresentada a Daniel, um jovem com quem se encantou, não pela beleza, mas pela educação e gentileza. A partir deste dia tornaram-se par constante e daí para o namoro foi uma transição bem tranquila. Os encontros passaram a ser mais frequentes e não somente no Salão Paroquial, embora fosse este o local preferido pelo casal de namorados.

A graciosa jovem estudava no Cesec - Centro Estadual de Educação Continuada Dr. Fábio Botelho Notini – no período noturno. Natália levava a sério os estudos que lhe garantiriam um futuro promissor. É verdade que, às vezes, a cabecinha viajava até à árvore amiga portadora de boas novas. Mas somente ao término das aulas é que ela usufruía da surpresa que a deixava toda eufórica. Na época poucas pessoas possuíam telefone fixo. Celular nem existia por aqui. Então é usar a criatividade – que os jovens têm de sobra - para se comunicar. Mesmo em frente à escola estava aquela grande e velha árvore em cujo tronco havia várias reentrâncias. E uma delas era bem apropriada para que Daniel toda noite deixasse ali um bilhetinho para sua amada. Ela se prestava muito bem para servir de caixa postal naquele correio sem selo. Natália se deleitava ao ler o bilhete. Ele trazia notícias e marcava os encontros: “21/04/1991 – Natália, meu amor, ... não fui à sua casa ontem porque achei que estava tarde. Hoje vamos ao Paroquial. OK? Saudades. Beijos. Daniel”. Natália se enchia de alegria e se preparava bem bonita para dançar romanticamente “Quizás, quizás, quizás”, “Bésame, bésame mucho” e outras mais no embalo da Banda RG 7.

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 12/01/2014
Código do texto: T4646962
Classificação de conteúdo: seguro