A velha

Rascunho 27/01/2013

A velha...

A velha trata-se daquele povo antigo do tempo da zagaia e ela criou dez filhos, mas o passar dos anos como recompensa chega-lhe a velhice...

Trabalharam muitos anos na lavoura e no final do dia os trabalhos domésticos.

O trabalho na roça é assim você trabalho o dia todo no cabo da enxada e no final do dia tem que levar uns gravetos ou uma trouxa de lenha para fazer a janta...

A roça...

Na roça não tem facilidades mercado na frente de casa, sacolão, açougue ou até um banco...

Para diminuir o calor do sol usa-se um chapéu de palha ou lenço na cabeça...

O calor aumenta chega aos quase quarentas graus as roupas começa a cortar o corpo e ainda têm as roças as muriçocas, marimbondos e cobras estes são cenários de quem trabalha na lavoura...

Naquela época escola nem pensar, era de manhã tirar leite das vacas, darem milho as galinha aos porcos...

Quando não tem trabalho perto se chega a viajar horas para se conseguir trabalho...

Este é o retrato de que vive de trabalhar para os outros na roça.

A alimentação...

A alimentação na roça é de coisas naturais colhidas ali mesmo, mandioca maxixe, chuchu, batata, tomates quase sempre vai pescar alguns lambaris, tilápias, bagre o que são pescados na lagoa.

Não poderia descrever o que existe nas profundezas dos túneis que canalizam os esgotos e como um sino que badala ele trás como efluente uma grande legião de enfermos dos olhos pés, mãos e a alma cauterizada pelo infame abandono.

O calor do inferno só assusta os que se supõem estar correto e vai aos domingos na igreja, mas o que acontece dentro de quatro paredes onde o silêncio é abafado ninguém sabe, mas as aparências são mantidas a qualquer sacrifício e o religioso assim está justificado.

No quarto, bem no cantinho a um altar de santos alguns sem cabeça a vários um para cada finalidade eles não vêem a luz do dia e no úmido criam suas bactérias.

No lado de cada cabeceira da cama a criados mudos antigos e na parede um relógio velho com a corda quebrada.

Embaixo da cama a um pinico quase sempre cheio sendo que o fedor dentro do quarto é extremamente insuportável.

Na cama de colchão de molas não a lençol e a restos de migalhas de comidas espalhados pelo chão existem muitos ratos e baratas, mas isso não incomoda os ratos são melhores que muitas pessoas.

Mas a figura essencial está sobre a cama é uma senhora de 90 anos que está sem tomar banho três semanas... Nota (quando uma pessoa urina na sua própria cama a urina fermentada produz assaduras)

E como se supõe esta sendo cuidada por sua filha moça a qual foi rejeitada nos tempos de sua mocidade, e agora carrega o rancor de não ter passado umas noitadas nas mãos de vários homens.

Ela como um urutu cruzeiro ela curte o fel e destila o ódio ficar em casa, sem poder ir à praça ou sair para viajar ou fazer artes nas festas de carnaval.

Quando a velha tem necessidades urinar ou defecar é levada até o pinico e a filha levanta - lhes as roupas e ela faz ali mesmo no quarto suas necessidades.

Quando a velha se descuida faz na cama.

E quando a filha volta e vê a cama suja ela fica estressada investi contra a mãe dando - lhes socos.

Obriga mãe a comer restos de fezes esfregando seu rosto nas fezes e dizendo:

Velha você me bateu muito quando era criança e desgraçou minha vida e agarrando seus cabelos e arrancando e jogando no chão.

A velha no desespero consegue gritar dizendo: “você não vai me bater mais”

O caos familiar, a nojeira, falta de respeito e humilhação é o retrato interno de quatro paredes.

Mas aos domingos, vamos à igreja... Olha se comporte o homem de Deus vai te ver.

Olha vamos comer o corpo de cristo... Come o corpo de cristo velha desgraçada...

Quando chega uma visita vamos servir um café a velha toma chá...

E quando o chá é servido nota-se o medo da velha de ter a colher tornar a cortar-lhe a boca.

Rapidamente uma colher chega à boca e rapidamente é introduzida com violência que bastam três para que ela não queira mais.

A velha está magra os médicos não conseguem entender porque ela está magra seca e tem anemias...

Mas na noite dorme velha, e não faz sujeira na cama senão apanha...

Não que procurasse alguma coisa, mas nada melhor para saber da vida de uma pessoa senão pelos vizinhos... Os vizinhos sabem, podem não contar, mas sabem...

Desta feita, não que quisesse saber algumas fiquei por ali até que alguém me visse e depois vieram e timidamente me falaram...

Olha a situação é feia a violência corre solta, nas noites ouvimos gritos como se alguém quisesse findar alguém, mas os espancamentos acontecem...

Nas noites não tem policia... Eles dormem o sono pesado e quando acordam o sangue já secou...

Mas quando amanhece dia ao meio dia os gritos não assustam tanto... Então chama se a policia...

Mas a policia não tem força, ela aconselha ou faz ameaças evasivas a policia não prende, ou prende só os desgraçados e os miseráveis são do governo e ficam soltos...

Os desgraçados vão para a cadeia cumprir penas, mas os miseráveis são produto da terra eles germinam como plantas.

Os vizinhos escutam o fuá a quebradeira, os palavrões e as faltas de respeito são assim que vive quem ficou pra trás...

A humilhação...

A humilhação faz separação como um zumbido de quando o martelo bate na bigorna e vai moldando a peça, ela é antiga vem de berço é como uma ferida não cicatrizada...

Se a gente repassasse um pouco quando nós éramos tratados pior que um cachorro...

Maneira de dizer... (isso não procede mais) tem cachorro que vive melhor que gente...

Em casa... Não se jantava sem que o progenitor chegasse então ficávamos até as dez horas esperando...

Ai na hora da alimentação tinha a seção humilhação quem sabe talvez à promessa de um castigo... Ficar sem TV naquele tempo não tinha TV, vídeo game também não tinha e sem alimentação esse é castigo moderno... Mas apanhar de cinta às vezes, ficar nu... Crianças são castigadas ficando nuas... Nuas elas não podem andar pela casa sair na rua perdem a liberdade... E junto à dignidade...

Porque se põe um filho no mundo... Como se fosse um produto de ódio um empecilho porque se odeia a gene os traços de hereditariedade.

As bebidas alcoólicas sim seu efeitos elas são piores do que os da maconha...

Mas hoje, muitas mães têm seus filhos nos fedorentos banheiros publico e depois os jogam em caçambas de lixo, põe num saco ou sacola e os põe na frente casa de alguém...

Naquele tempo não tinha conselho tutelar pai e mãe eram criaturas sagradas...

Por isso tinha o abuso apanha em casa e na escola...

A professora ela era nossa amiga castigava jogando apagador de madeira nas cabeças dos alunos batia com uma rega de madeira de um metro e meio e não deixava ir ao banheiro quando puxava as orelhas às vezes era preciso costurá-las de novo...

E os pais diziam pode educar professora e pode bater...

Não sabíamos por que sofríamos tanto, porque éramos tanto humilhados será que precisava?

Os policiais como eles gostavam da raça negra, não podia ver um negro sem uma nota fiscal, sem documento, sem trabalho ou de cabelos grandes... Apanhava e como.

Mas a polícia mudou batia só nos metalúrgicos, mas hoje os professores estão em primeiro lugar depois negros, jornalistas, fotógrafos, psicólogos... Ladrões esses não apanham...

Tio João...

Porque o tio João apanhava tanto...

Às vezes pedia a deus para crescer logo, tornar adulto para ninguém me batesse me espancasse igual espancavam ao tio João...

Será que era porque ele era negro, ou porque era aleijado... Talvez porque fedia... É todo homem fede... Todo homem bate espanca e humilha...

Eu via... Ele chorava e não reagia leva socos e até pauladas...

Eu ouvia vagabundo é o homem que não trás dinheiro no final da tarde...

Vagabundo é uma tapa na cara de um homem...

Homem bebe pode, fuma pode e ter amantes pode, mas dinheiro no final do dia tem que trazer...

O demônio mora na casa dos pobres o cara bate na mulher, nos filhos, nos irmão e na puta que pariu...

Polícia, ela dorme e acorda tarde...

Mulher de pobre de tem medo de ir pra rua então ela agüenta vira puta, mas não vai pra rua...

Queria crescer logo para sair daquele inferno...

Pior que sobrava para mim depois que o tio levava uma sova eu recebia a ordem dá um banho no seu tio João...

Ele sentava num degrau da porta eu me lembro até hoje e ali escondia suas lágrimas...

Ele sentado nos degraus eu pegava um escova dessas de escovar roupas ou o chão e esfregava as costas do tio João, pois devido a ser aleijado não conseguia escovar...

Era o gosto de bater espancar hereditariedade que passa de pai pra filho e vai de geração em geração...

Carlos Donizeti (DA)

Comendador Carlos Donizeti
Enviado por Comendador Carlos Donizeti em 15/01/2014
Reeditado em 25/01/2015
Código do texto: T4650538
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