Diário de Sonhos - #066: Exorcismo às 4h15, Como Pintado por Hieronymus Bosch

Sonhei que eu estava num quarto pequeno com meu colega de trabalho, Laneri. As paredes eram todas vermelhas. O ambiente estava um pouco escuro. O quarto era alongado, como um corredor. Havia duas fileiras de bancos. Estávamos numa plataforma mais elevada, à frente dos bancos, onde havia uma espécie de palanque... ou altar. Não era um quarto, mas uma capela, toda pintada de vermelho. Laneri me mostra alguma coisa num lugar que parece uma lareira. Não lembro o que é. De repente essa coisa ganha vida e começa a se mexer convulsivamente. Ele diz que deu merda, e que precisamos sair e chamar um padre pra exorcizar a coisa. Saio correndo.

Do lado de fora, estou no topo de uma grande montanha, e consigo ver muito longe. O mundo é vasto e imenso. Estou no centro do que parece ser um braço de montanhas, e à minha frente se estende uma gigantesca planície. O céu é vermelho e no horizonte brilha um sol violentamente branco, tão forte que chega a cegar. Na planície há uma gigantesca pirâmide feita de um material negro, que parece ser uma espécie de pedra brilhante ou cristal. O topo da pirâmide é quadrado. À minha esquerda e à minha direita, em lados opostos das pirâmides, dois gigantescos exércitos marcham em direção um ao outro. De alguma forma eu sei que do lado esquerdo estão os cristãos, e do lado direito os muçulmanos. Ouço trovões. Das nuvens roxas no céu, um grupo de guerreiros surgem montando cavalos voadores. Não lembro quantos eram, mas eram de várias cores. Havia um vermelho, outro amarelo, um negro, outro branco. Eles param em cima da pirâmide.

Agora é um cenário de completo caos. O chão é negro, o céu é negro. Tudo é negro, contrastado por cores violentas das pessoas mortas, pessoas fazendo sexo, pessoas comendo e vomitando e cagando e mijando umas nas outras. Pessoas brigando, pessoas se rasgando e se alimentado de suas próprias vísceras. Pessoas se masturbando com lixas grossas, pessoas lambendo os cus umas das outras. Gigantescas estruturas disformes, como ampulhetas, um ouvido, uma concha, garfos e colheres. É como se eu estivesse dentro de uma pintura de Bosch.

Continuo procurando pelo padre. Estou atrasado. Olho para um relógio na parede. São 4h15.

Dezessete de janeiro de dois mil e quatorze.

Renan Gonçalves Flores
Enviado por Renan Gonçalves Flores em 17/01/2014
Reeditado em 09/02/2014
Código do texto: T4652895
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