Diário de Sonhos - #067: O Deus Furúnculo

Não tenho muita certeza da ordem deste sonho. Parece que sonhei tudo ao mesmo tempo, e de alguma forma eles se encaixam. Escrevo aqui o que me parece ter sido a ordem que eu sonhei (e também que dê alguma lógica ao sonho).

Sonhei que estava com meu colega de trabalho, Alecsandro numa espécie de carro-bilheteria. Estávamos vendendo bilhetes. Aí algum moleques aparecem tentando burlar a catraca e nós corremos atrás deles de carro. Conseguimos alcança-los. Eles estão segurando alguns PLBS (bilhete de serviço, só funcionário pode usar). Tomamos os bilhetes dos garotos e eu pergunto ao Alecsandro se preciso fazer um RAC (Recibo de Abastecimento de Container), e ele diz que não.

Agora estou andando pelo centro de uma cidade do interior durante a noite. Resolvo ir num restaurante japonês que tem a poucos metros. Monto na minha bicicleta e saio pedalando como um louco pelo trânsito, cortando carros e passando no farol vermelho. Finalmente chego no restaurante. Algum cliente largou uma refeição pela metade no balcão e eu começo a comer. A garçonete vem até mim. Peço um yakissoba. Começa a chegar muita gente e o restaurante fica cheio. Um casal chega e senta do meu lado, começa a se beijar e se esfregar, e toda hora eles encostam em mim. Fico de saco cheio e vou sentar numa mesa lá no canto, sozinho. A garçonete trás meu pedido. Tem um bife, dois ovos fritos com gema mole e um yakissoba tipo o China in Box. Como o bife e os ovos e levo o yakissoba pra comer no carro.

Agora estou dentro de um carro conversando com alguém que eu não vejo. Passeamos por uma cidade japonesa, e eu digo que adoro o Japão. Agora estou de bicicleta de novo. Estou atrasado para o trabalho. No meio do caminho vejo trinta reais no chão, mas não pego (embora eu claramente tivesse visto uma nota de vinte, uma de dez e uma cinco, eu continuei dizendo que era trinta reais). Finalmente chego ao carro-bilheteria do começo do sonho. O Alecsandro me alerta de alguns caras querendo roubar a bilheteria. Um homem aponta um revólver pra gente e eu fico paralisado de medo. Alecsandro saca uma escopeta não sei de onde e mata o sujeito. Outros aparecem e começa um grande tiroteio. Alecsandro me dá uma metralhadora e eu começo a atirar sem dó. Fico com medo e saio correndo para uma grande porta de madeira atrás de nós, que parece ser a entrada de uma igreja. Do lado de dentro é tudo escuro e decrépito e há dezenas, senão centenas de escadas. Corro desesperadamente, posso ouvir meus perseguidores atrás de mim.

Agora é uma parte muito esquisita do sonho. Chego numa parte onde tudo parece um desenho animado fofinho e engraçado, tipo Hamtaro. Há algumas criaturas fofinhas e felizes, e quando dou conta eu me tornei um Pokemon. Mais especificamente o Bulbassauro. Mas ainda tenho medo, e saio correndo, subindo escada após escada neste mundo de desenho animado.

Agora estou numa batalha Pokemon. Eu tenho um Pokemon que parece uma ostra, e meu adversário tem um outro que parece uma pedra. Os dois têm ataque muito fraco, mas eu tenho vantagem e tiro mais vida a cada ataque. Vou ganhar fácil. Meu chefe, Chapani, aparece e tira o Game Boy da minha mão (porque essa batalha não era outra coisa, se não um joguinho de Game Boy). Ele diz que gostou do jogo. Deixo ele jogar, uma vez que a batalha já está ganha. Mas aí, no turno do adversário, aparece a palavra "Fatality". Logo em seguida "aperte X rapidamente pra desviar do ataque". Meu chefe não consegue. Tento tomar o jogo da mão dele, mas é tarde demais. Meu Pokemon perde e eu fico puto.

Agora estou de volta ao mundo real, decrépito, escuro e hostil. Estou no topo da igreja. Uma grande laje de pedra e madeira, toda quebrada. Ao longe vejo a cidade em ruínas, cinzenta e destruída. O céu é vermelho bem escuro com nuvens negras. Trovões silenciosos e raios escuros. Estou deitado no chão, chorando de dor. Funcionários do meu trabalho tentam prestar os primeiros socorros. No meu braço direito há uma protuberância bem grande debaixo da minha pele, mais ou menos do tamanho de uma bola de tênis. A protuberância toma a forma de uma bunda. É uma bunda de mulher. Fico excitado e tenho vontade de me masturbar.

Como se fosse um replay, a mesma cena descrita acima se repete. O mundo hostil, o céu escuro, a cidade em ruínas, eu caído e chorando no chão e os funcionários me acolhendo. Mas desta vez o problema está no braço esquerdo. Um gigantesco furúnculo, tão grande quanto minha mão, talvez até maior que minha mão. Uma enorme bola de pus e dor que corre sob minha pele. Digo corre porque o furúnculo tinha vida própria. Ele se movimentava como um inseto debaixo da minha pele. Os funcionários me ajudam a "espremer" o furúnculo para fora (como se faz como uma espinha). Mas o que eu vi a seguir foi uma das cenas mais bizarras que já sonhei. O furúnculo começa a sair. Uma forma branca, cheia de veias vermelhas. A pupila dilatada. O que tem debaixo da minha pele é um gigantesco olho humano, um olho vivo que chora de dor. Um olho vivo, do tamanho da minha cabeça, que se mexe. Apertamos com mais e mais força. Uma gosma branca começa a escorrer. Em seguida uma gosma preta, e a íris do gigantesco olho começa a escorrer para fora. O olho se mexe descontroladamente, e quanto mais força eu faço, mais ele dói. E o olho é penetrante. Não consigo desviar o olhar dele. Ela está fixo em mim e nada mais parece existir além daquele gigantesco olho sob minha pele. Finalmente entendo que aquilo dentro de mim não é um simples olho, mas um deus olho. Um olho furúnculo. Dentro de mim habita o deus furúnculo, e se ele morrer eu morro também.

Dezessete de janeiro de dois mil e quatorze.

Renan Gonçalves Flores
Enviado por Renan Gonçalves Flores em 17/01/2014
Reeditado em 09/02/2014
Código do texto: T4652898
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