Sinais de Alerta

Um artigo do Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor, no dia 17 do corrente mês, na página da CNBB, diz que “é preciso atentar para o “sinal de alerta” que vem das prisões...”

Considera ele que, se não existe preocupação do Poder Público com os cidadãos de bem e estes não se preocupam com a vivência e a defesa dos valores éticos e morais, alguém se preocupará com a situação de presos que afrontaram a Lei e que, por não disporem de poder econômico ou político, foram apanhados e enjaulados?

Claro que não!

E, então, me veio a incômoda reflexão de que é bom que a nossa “cômoda” sociedade comece a pensar e a agir com a necessária responsabilidade , antes que o caos se instale definitivamente em todos os ambientes onde vivemos.

Ousando acreditar que ele já não se instalou!

A bem da verdade, não e possível que exista alguém, em sã consciência, que não esteja percebendo o avanço da intranqüilidade e do pavor causado pela violência e perversidade reinantes em nosso País, em todos os seus recantos, desde as grandes metrópoles até os lugares mais isolados e tidos como tranqüilos até anos atrás.

Em nosso País, a capacidade crítica da consciência parece ter sido envolvida e paralisada por estímulos animalescos sórdidos, chegando ao extremo de se vibrar com lutadores a esmurrar, a escoicear, a fazer jorrar sangue um do outro ou, então, com a sem-vergonhice de “diretores, atrizes, atores e modelos” a apregoar o desvirtuamento da família, a insistir num erotismo sórdido, sujo e baixo, em todos os meios midiáticos, a qualquer dia ou hora, em qualquer tipo de programação televisiva ou de Rádio, em jornais e revistas, em propagandas cada vez mais descaradas e afrontosas ao público infantil ou adulto!

E com plena visibilidade e audiência garantidas, claro!

Enquanto isto, “ri-se a orquestra irônica e estridente, e da roda fantástica a serpente faz doidas espirais; qual num sonho dantesco às sombras voam gritos, ais, maldições, preces ressoam e ri-se satanás!”

A orquestra irônica e estridente dos detentores do poder econômico e político, acostumados a ludibriar e a afrontar o cidadão eleitor, é o próprio satanás a se contorcer de satisfação com a miséria, com a dor, com a desilusão, com a inércia total e absoluta.

Como conseqüência de tamanha anarquia e desordem, nossas crianças têm se tornado, tão precocemente, adolescentes, nossos adolescentes e jovens pulando para a fase adulta, tão estupidamente, e exercendo a triste sina de “adúlteros” a eles imposta pela mesma sociedade vazia, débil, fútil, indecente e irresponsável, incapaz de enxergar, um palmo à frente do nariz, o imenso e profundo buraco sem fundo onde seus filhos vão se afundando, sem uma mão a lhes amparar, nem mesmo da mãe ou do pai!

Quão triste ouvir, de novo, tão funebremente, “vida de gado, povo marcado, povo feliz”, constatando o perverso magnetismo do consumismo, da valorização da chulice, da incapacidade de se parar prá pensar, para avaliar, para discutir, para confidenciar, para ouvir e absorver a sabedoria de quem já trilhou estradas por onde não passei!

Que amargura não ver brilhar nos olhinhos das crianças a admiração pela luz do luar, pelas cores do arco-íris que há milênios simbolizou uma aliança entre criatura e criador.

Que pena não termos tempo nem sensibilidade para “olhar os lírios do campo ou as aves do céu”, a beleza e a simplicidade capazes de acalmar nosso magoado e irrequieto coração!

É preferível cuidar dos sistemas de alarmes, das cercas-elétricas, das concertinas e nos aprisionarmos cada um, isoladamente, vegetando em frente a um aparelho de TV, de um notebook, Ipad, Ismartfone, entupindo-me com enlatados lotados de conservantes, corantes e sódio a gosto e a desgosto, gorduras trans e outros artificialismos a nos tornar rotundos e obesos, doentes e chatos e a diluirmos nossas economias em lipos e botox ridículos, na vã tentativa de “esconder” dos outros nossos sinais e sintomas normais do implacável e maravilhoso envelhecimento.

Se esquecendo ou, pelo menos, tentando ludibriar a si mesmo quanto ao inapelável “do pó ao pó”.

Mas, pior mesmo, é quando, após chafurdar-se na lama destinada aos porcos, se chega ao desatino de não ser capaz de se lembrar que a porta da casa do Pai está, permanentemente franqueada, a quem a ela quiser retornar.

Reflita e preste atenção aos sinais de alerta!