VOLTA POETA, TRÁS TUA POESIA

(José Ribeiro de Oliveira)

Devora-me, sentimentos, se é pelo que me faz sentir, eu aguento. Acorda poeta, que a poesia te desperta. Vem jogar tuas emoções sobre as letras, cria as tuas palavras, açoita a tua imaginação, dá vazão aos teus impulsos, de tudo que sentes ou que podes fazer sentir com a artificialidade de imprimir sensações nas orações de um texto, no ritmo da tua imaginação, na melodia da tua inspiração, na rima das tuas palavras e no escondido das entrelinhas. Volta que o romantismo não acabou; que a retórica não inovou; que a graça da vida se acentuou com o que ela mesma te mostrou ao longo do tempo. Volta que o caminho está mais largo; que os andarilhos são outros; que as paisagens nubladas de uma manhã chuvosa ainda inspiram a mesma nostalgia. Volta que os dias encolheram e o tempo quase não dá tempo de viver. Que os amores ainda trazem dores, todavia, ainda se alegram com as flores. Volta correndo, que a tua verve não suporta a ausência de uma solidão voluntária para conversar com a alma e produzir poesias. Volta para externar os registros do teu pensamento recluso. Volta e liberta-te dos teus segredos, para aliviar tu’alma. Volta e junta os cacos do tempo, para um mosaico novo. Grita o teu grito, para sentir o retorno do teu eco. Fala a tua língua, para dizer ao mundo o que dele tu pensas. Faz a tua releitura do que ficou por dizer em tudo que já foi dito. Volta para ratificar o que a vida te fez constatar. Volta para ver que as flores ainda abrem ao amanhecer, conduzindo em suas pétalas o mesmo aroma de outrora. Volta para sentir o sol queimando a tua fronte, rasgando os arquivos do teu passado e te mostrando quão grande é a beleza da vida. Volta poeta, e trás contigo o teu exército imaginário para se aliar ao nosso, nessa incessante batalha da reengenharia de um novo tempo, na busca de um melhor destino, na construção de mais apurados valores, no romantismo dos novos amores e na consciência e sensatez dos nossos leitores. Volta poeta.

Professor José Ribeiro de Oliveira
Enviado por Professor José Ribeiro de Oliveira em 26/01/2014
Reeditado em 17/03/2014
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