Depois da Chuva

Queria ter a capacidade de, depois de um dia de chuva, onde as gotas escorrem pelas folhas do jardim, eu pudesse, parar com os pés cheios de barro mas mesmo assim, acopanhar as gotas , até a última, a cair rumo ao chão.

No entanto, não sou assim: depois da chuva, cabe-me ter os pés cheios de barro por estar imprimindo meus passos no chão, rumo ao nascer do sol que aparecerá fulgurante no horizonte, gigante, quente, irradiando luz por onde passe.

Nesse momento, eu também serei sol: do meu plexo emanarão radiações fulgurantes de luz, o calor na ponta dos dedos, o abrigo na palma da mão, o abrasar da mente que aceita ou rejeita qualquer coisa que seja.

No entanto, não há porque iludir-se: há necessidade imperiosa da chuva que molhe o chão, lenta ou rápida, fina ou em pingos grossos e que nos permita, vez por todas, testemunhar a passagem realizada com a pegada impressa e o brotar de uma nova semente que carregamos conosco, para propiciar uma colheita sagrada e um nutrir essencial, nosso e de quem nos rodeia.

Caminhemos!

André Vieira
Enviado por André Vieira em 28/04/2007
Código do texto: T467105