A boneca japonesa

Há oito anos participo deste site que é frequentado por pessoas não só do Brasil mas também de vários outros países. Muitos brasileiros, que moram no exterior, aqui interagem com os patrícios, suavizando a saudade da terra natal, enquanto postam suas crônicas, poesias e tecem comentários.

E foi nesta comunidade que conheci uma paranaense, Sônia Ortega Wada, que mora no Japão com sua família há 16 anos. Nosso relacionamento já ultrapassou os limites da amizade virtual, pois além de trocarmos muitos e-mails, falamos com frequência ao telefone, e também nos presenteamos.

Sônia já está determinada que um dia retornará definitivamente ao Brasil embora não saiba quando. Enquanto isto, esmera-se na educação de seus três filhos, Lucas, João e Pedrinho, aprende o Nihongo – a Língua Japonesa - e trabalha.

É uma pessoa carinhosa e gosta de presentear as amigas. De todos os presentes que dela ganhei um é especial: uma linda boneca japonesa – a Popo Chan. Outras colegas aqui do Recanto das Letras também já foram premiadas com este mimo, como a Ceres e a Celina de BH, a Malu, brasileira que mora em Portugal, a Isa Sosnowski, que morava no Rio Grande do Sul e, após seu falecimento, a sua filha Jaqueline Marchioro, levou a boneca para Londres. A própria Sônia também ganhou uma que lhe foi dada pelo marido Beto.

Sônia era professora universitária em Maringá e quem já foi professora preserva esta tão sublime vocação. Leciona português para brasileiros. E dentre eles se destaca a pequena Letícia Almeida de Azevedo que, com seus sete aninhos, curte a mestra e seus ensinamentos. Letícia encantou-se quando viu, na casa da Sônia, a Popo Chan e daí pra frente passou a ser a dona da bonequinha, apesar dos protestos da mãe Gisele alegando que a filha não teria os cuidados necessários para preservá-la.

Sônia explicou para Letícia que a tradição japonesa deposita na boneca a tarefa de purificadora e portadora de proteção principalmente contra espíritos maus e doenças. Muitas já estão espalhadas pelo mundo como no Brasil, em Portugal e na Inglaterra. Com ela precisaria ter o maior cuidado durante a vida toda.

A menina levou a sério os conselhos da professora-amiga. Recentemente, Letícia precisou passar por uma cirurgia de amígdalas e depois de todos os exames feitos, marcou-se o dia para a internação. E quando a enfermeira disse-lhe que poderia levar para o hospital algum brinquedo, não titubeou na resposta: levaria a Popo Chan que era seu anjinho guardião e a protegeria de tudo.

E confiante, Letícia logo se recuperou!

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 30/01/2014
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