CORRIENTES, 348
 
Naquele fim de tarde, inicio de noite, tive o primeiro e real contato com Buenos Aires, a medida que o "coche" ia se aproximando da região central. Passamos ao lado do campo do River Plate, o "Monumental de Nuñez", do bairro tradicionalíssimo da Ricoleta, atravessamos inúmeras avenidas que Buenos Aires é uma cidade de largas avenidas, muitos edifícios antigos porem bem conservados, os imensos jardins, monumentos históricos, General Rosas(aquele que juramos ter derrotado na Guerra do Prata mas que é heroi nacional na Argentina), Avenida Velez Sarsfield, San Martin, Cabildo, Avenida 9 de Julio (“Ia mas ancha deI mundo” realmente é muito larga com suas 08 pistas, ladeada por jardins arborizados e outras 2 pistas na parte mais próxima a calçada), a praça do Obelisco, Avenida Corrientes, Teatro Colon, chegamos ao Hotel.
 
O Liberty é de um nível equivalente a 3 estrelas com quartos razoáveis, bom café da manhã, serviço cordial mas duvidoso. A grande vantagem do hotel é sua  localização: Corrientes quase esquina com Florida, de onde se pode ir a pé a muitos lugares interessantes, inclusive a Casa Rosada e a famosa Plaza de Mayo, onde ainda hoje as mães de filhos desaparecidos vão manifestar silenciosamente toda a sua dor e revolta (O filme “A História Oficial” relatou muito bem essa fase da história argentina).
 
Após certificar-se de que estava tudo certo com a minha reserva, uma grande surpresa: Carmelo passaria para apanhar-me as 21:30 para jantarmos. Por que tão tarde? Aí quem se surpreendeu foi ele pois na Argentina é normal que o jantar fora ocorra depois das 22 horas, mesmo em dias de semana. Tudo bem, estando em Roma, faça como os romanos...
 
A minha primeira providencia, que se tornaria uma primeira necessidade da qual não pude mais me desligar nas minhas viagens , foi telefonar para a casa da Da. Tereza, que é onde estavam a Lucia e a Fabiana. Satisfeita parcialmente a vontade de te-Ias ao meu lado e não tendo esquecido de perguntar sobre minha mãe e o Larci, iniciei o reconhecimento do quarto e do banheiro. Ambos pareciam ser do século passado, mas tudo funcionava a contento, inclusive o aquecedor.
 
Depois do banho e, sem perceber ainda com os cabelos parcialmente molhados, fui conhecer de perto a Plaza de Mayo e a Casa Rosada. As indicações da portaria do hotel foram muito precisas e em menos de 5 minutos lá estava eu olhando para os balcões onde Peron e Evita costumavam aparecer para multidões fanáticas. A temperatura caira bastante, sendo já perto de 8 horas da noite e havia um vento forte e gelado. Agora, bem no centro da Plaza de Mayo, eu sentia uma quase insuportável dor de ouvido.
 
Voltei rápido para o Hotel, sentei-me no barzinho do lobby e tomei uma dose de conhaque. Quase por milagre, a dor de ouvido foi cedendo ,à medida que os ambientes externo e interno iam se aquecendo.
 
Depois de reforçar na vestimenta, resolvi procurar o endereço mencionado naquele tango de Gardel e Lepera (A media luz), já que o hotel estava na altura do numero 600. Desci a calle Corrientes em busca do numero 348 e lá estava, porém sem o clima de meia-luz e nada do romantismo da letra :
 
“ Y todo a media luz que es un brujo el amor, a media luz los besos, a media luz los dos. Y todo a media luz, crepusculo interior, suave terciopelo la media luz de amor…”
 
 
Segue...
 
Leo
 
 

 
Leonilsson
Enviado por Leonilsson em 02/02/2014
Código do texto: T4675171
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