A HORA

Contam-se os anos, os dias, as horas, os segundos de vida; a existência é regida pelo tempo (cronômetro, cronológico, crônico), nada e ninguém fogem dele, e muitos o deixariam em pausa se assim o pudessem fazer. O choro de uma criança, que abre seus pulmões e olhos para mundo, junto ao sorriso dos que a contemplam, anuncia o início do seu ciclo de vida na Terra; o último suspiro de um moribundo marca seu fim, adornado por flores, palavras, lágrimas e tristezas daqueles que o sepultam. O sangue correndo nas veias exala vida, e a ausência dele, o aroma pesado da morte.

Os astros também têm seu tempo, até as estrelas morrem. Porém, o brilho delas ainda se propaga pela imensidão do universo, conseguindo resplandecer aos nossos olhares por um período que só os astrônomos podem mensurar. Os homens também conseguem essa façanha, pois muitos, mesmo após deixar este mundo, iluminam a vida dos que ficaram com o amor, serenidade, sabedoria e fé que plantaram. Os frutos dessas árvores são doces ao paladar e agradável aos olhos de outros homens e de Deus, elas foram sal da Terra e luz do mundo.

Eclesiastes, Salomão, ou simplesmente o sábio, já dizia: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar; tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora; tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.” (Eclesiastes 3:1-8)

O hedonista busca o prazer contra o tempo, é carnal, imediatista, livre e longe de Deus, seu lema é “carpie diem” (viva a vida intensamente, aproveite o momento), ou melhor: seja irresponsável e faça o que lhe der na telha, apresse seu tempo nesse mundo e morra logo. Ele não consegue responder: quem criou o tempo e quem é seu senhor? Questionamento difícil para quem não quer enxergar que a fé e razão andam juntas; uma soma simples como 2 + 2 são 4, que qualquer criança ainda não alfabetizada consegue fazer. A resposta clara já está subentendida. Como diz o dito popular: “para bom entendedor, meia palavra basta”.

Tempo e hora se confundem e são importantíssimos para a compreensão da vida. A criança nasce e já tem hora de ser amamentada no colo aconchegante da mãe (para o bebê este momento poderia durar uma eternidade), hora do banho, hora de dormir; passam-se os anos e chega a hora de ir à escola, hora dos primeiros problemas de relacionamento surgirem, hora do desapego dos pais, hora de se apaixonar pela primeira vez, hora de escolher a profissão, de começar a trabalhar e pagar as contas com o fruto do seu suor. Já adulta, a criança de outrora conhece a hora certa de casar e constituir uma bela família; essa hora às vezes demora, mas um dia chega, embora nem sempre dure. Na fase adulta chega a hora de ter filhos, e na maturidade, dos filhos terem filhos para aqueles se abobalharem com os netos.

Durante a vida, existe uma hora que as estruturas físicas, psicológicas e espirituais do homem se abalam: a hora dos problemas, que chega sem avisar, astuta e sorrateira como uma cobra pronta a abocanhar sua presa imprudente. Mais difícil essa hora se torna quando não entendemos que é hora de buscar a Deus, entregando nossas vidas e problemas em suas mãos para seu agir invisível, capacitando-nos para o nosso agir físico/material.

Um das mais belas flores existentes, o girassol, é plantado em terra, cresce e em determinado momento chega a hora em que ele se volta ao Sol (imponente, majestoso, sublime, fonte de vida) para embelezar os jardins, alimentando abelhas e pássaros com seu pólen. O homem deve estar sensível e perceber a hora de sua metamorfose em girassol, voltando-se ao astro-luz de toda vida: Cristo-Jesus, fonte de felicidade e paz de espírito. Para isso, não há tempo, pois sempre é hora para Ele nos receber de braços abertos e com um sorriso no rosto.

Robson Alves Costa
Enviado por Robson Alves Costa em 04/02/2014
Reeditado em 04/02/2014
Código do texto: T4677960
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