Quase uma Biografia Canalhesca

Sempre achei estéticamente feio começar um texto com o pronome 'Eu', embora seja a minha pessoa o centro deste e de outros textos a qual divaguei. Mas, andiamo amici. E esta pode trazer-lhes um ar mais canalhesco, bruto, romantico e extremamente individualista deste ser que vos fala.

Eu. Aqui o 'eu' aparece. Cresci me vendo como um bicho solto. Como se tivesse aprendido a viver com a solidão. Não por falta de trato social, mas por não sentir aquela necessidade natural de convívio humano. Na minha infância me bastavam o video-game e um cd do iron maiden tocando num rádio que minha mãe havia comprado.

Bicho solto. Hoje em dia ainda carrego esse bicho solto em minhas veias. Nos meus relacionamentos e mesmo na minha vida. Relacionamento. Quando pensei em transcrever estas linhas era isso que me fazia empunhar o machado e lapidar esta pedra uniforme de ideias.

Podia ditar mil linhas de como minha afeição pelo sexo feminino e o seu flerte enigmático me fascinam. A forma como olham ou quando tentam disfarçar o interesse ou quando discaradamente encaram sem o menor pudor ao ponto dos lábios se entreabrirem num desejo que só nós, os protagonistas daquela arte de sedução percebemos.

Fascina-me, de certa forma, perverter o lado em que elas tentam disfarçar dos amiguinhos eunucos ou da família. Aquele lado mais libidinoso e sexual, que preso pela mordaça social rasteja sob qualquer porta entreaberta da confiança. Pude enxergar um outro lado feminino. O Profano Feminino, como diz Nessahan Alita.

Descobri segredos. Confissões de desejos íntimos rabiscados risco a risco como um preso que marca em cada traço um dia naquele inferno. Nunca pedi que dissessem tais coisas. Nunca me importei com o que elas diziam. Depois de uma transa é difícil pensar em algo sério que não seja aquela posição do kamasutra que você gostaria de fazer, mas que as articulações de velho o impedem.

Presenciei escândalos, ataques de ciúme, manipulações. Todas as formas possíveis para domar esse bicho solto. E como tentam. São incansáveis nessa briga. Minha testosterona é a prova de manipulação. Eu não digo o que elas esperam ouvir. Eu digo o que elas não esperam ouvir, mas querem ouvir. Curto e grosso. Evita perda de tempo e dor de cabeça.

Pego no braço com força e a puxo contra mim. E com um beijo de tremer as pernas não há a base manipulatória que se sustente. Lá que você vê o instinto animal na mais pura essência. Não importa se tem 18 anos. Não importa se tem 30 anos. O cheiro é o mesmo. Não ligo e raramente retorno alguma ligação. Sei quando elas querem aquilo. Aí apareço. Não me importo se me chamam de cachorro, cafajeste, canalha. O que importa é a perfeição sexual à lá Alexis Texas que essas doidas guardam escondidas.

E no outro dia nem lembro o nome. Ou talvez, guarde-o por alguns dias, semanas, meses. Algumas tem um bom papo. Posição ideológica. Conhece literatura. Faz versos melodramáticos cheios de amor e toda aquela pomposidade pueril que só vocês aguentam. Virei amigo de algumas. Dessas, além do nome, sei o endereço e a foda é de segunda a sexta quando dá tempo.

A última paixão romântica que tive nem pêlos no peito eu tinha. E não me faz falta alguma. Vi amigos afundarem-se numa paixão por uma menininha sem muito o que mostrar, além de uma bunda mais ou menos e peitos que enchem as mãos sem sobrar dos lados.

Não por receio de tê-lo, só não faz diferença nesse momento.

Augusto Fagundes

Nobody_
Enviado por Nobody_ em 12/02/2014
Código do texto: T4688882
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