A GELATINA

A GELATINA

12/02/14

Nunca fomos tão químicos quanto atualmente. Ocitocina, colágeno, elastina e outras tantas substâncias com as quais somos massacrados por publicidades em todas as mídias impressas e eletrônicas além dos programas matinais, cujas apresentadoras já não conseguem disfarçar suas aparências depois da HDTV. Outro dia, acho que no facebook, vi alguma coisa dizendo que a gelatina tem em sua composição colágeno e elastina e que se ingerida regularmente controla o colesterol, etc., etc. e etc. Nunca dei ouvido as informações de saúde que diziam que tal alimento faz mal, ovo, carne de porco, manteiga, gordura, e outros, que foram vilões e heróis da saúde por várias vezes. O que faz mal é comer sem prazer.

Voltando a gelatina vale registrar o que me inspirou ao texto, fazia minha caminhada matinal e necessitava de motivação para completar a quilometragem diária, motivação que alterasse meu estado mental de “deixar para depois” o trajeto que faltava. Essa motivação surgiu ao olhar perdidamente para frente visando aferir os caminhos menos irregulares e onde colocar meus pés, quando me deparei com a forma mais bela da natureza, traçada com esmero divinal, e que pela conformação nos deixa entender a personalidade do ser que a carrega. A primeira coisa que podemos definir é o estilo, potranca ou gazela. Depois podemos definir seu comportamento, liderança ou liderada, e assim por diante, coisas que se aprendem ao longo de muita observação e que poderia resultar em uma nova ciência a “nadegologia”. Aquela bela forma, motivação para o meu caminhar e para o ritmo desse caminhar, me deixou ver movimentos ondulantes, como se fossem explosões que subiam invisivelmente pelas pernas e ao atingirem o topo da coxa faziam tremular a justa vestimenta daquela que para mim e naquele momento só existia da cintura para baixo.

Leve tremular como um estandarte da mais querida das escolas de samba, tremular somente vistos nos desfiles do sambódromo no Rio em apena 3 dias durante o ano, nas passistas mulatas, que apesar de ser pela televisão, a visão é ao vivo, sem anteparos de tecido que a existência são da minha preferência para que eu possa exercitar a imaginação e poder antever o que está por baixo.

Tremular da gelatina e salve o colágeno e a elastina, salve a bela gelatina, que fez quase dobrar a distância do meu caminhar.

Geraldo Cerqueira