A segunda lua
A primeira lua já pinta o céu de lilás, vinte e cinco horas e a segunda já já aparece no horizonte fazendo os cirros ficarem cor de rosa. Hoje não teremos chuvas de estrelas, talvez amanhã.
O dia escorreu lento, como sempre é na estação do anel carmim, pois os raios da Estrela encontram em sua poeira uma barreira e nos dão a sensação de um frio seco, faz nossa pele ficar com esse cinza prateado e enche o coração de um desejo de abraços. Por isso sentei-me às margens do rio de vidro a esperar a segunda lua.
A nave pousará sobre o rio e ficarei iluminada com aquela luz verde e branda de quem ama. Então verei o seu sorrir, fecharei os olhos para ouvir melhor o grave de sua voz, sem perder os outros sons. Nem pensarei nas trinta e cinco horas, elas chegarão, é certo, e o levarão de mim. Só desejarei o verde de nossas auras misturando-se ao pálido rosa da noite refletido naquele rio sob a luz das luas.