Trinta

Perto dos trinta, a mulher se encanta mais com um cara que saiba o que dizer, do que um moleque que só sabe fazer.

Ignora modismos passageiros e vira fã de coisas vintage.

Prefere uma noite de sábado com batom borrado ao invés do rímel.

Se preocupa mais em encher a cabeça com boas ideias do que lotar o coração de quinquilharias.

Uma mulher de quase trinta se dá ao luxo de ficar sossegada, lendo um bom livro, sem se preocupar com o cabelo despenteado ou a unha por fazer.

Opta por um bom vinho compartilhado com alguém interessante ao invés de saideiras eternas com gente que não conhece.

Sabe cair e se levantar com dignidade, sem o capricho das de vinte ou a parcimônia existente no fim da vida.

Tem amigos de uma vida inteira, sente saudades da época da faculdade e dos beijos trocados entre uma aula e outra.

Tem sonhos como qualquer outra de idade diferente, mas aprendeu a ter os pés no chão.

Uma mulher de quase trinta não é balzaquiana, não é tirana, não é angelical ou acomodada: ela é ela, sem precisar fingir para conquistar um orgasmo. Sabe que os prazeres da vida estão além disso.

Tem permissão para jogar videogame, andar de bicicleta e colecionar canetas coloridas, sem se achar imatura, pois sabe isso se trata apenas de um resgate de memórias.

Tem amores naufragados, chora de vez em quando ao lembrar deles, mas enxuga as lágrimas quando um novo bate à porta.

Acredita mais no poder de sedução existente na sua sabedoria e não dentro do seu decote.

Tenta relevar e ignorar muita coisa, pois entende que certas picuinhas são desnecessárias para seu crescimento pessoal.

Não se priva de uma fatia de torta de chocolate ou de uma caixa de bombons por medo de não caber em uma roupa; se não couber, compra uma nova.

Entende que a vida é uma busca e que não adianta esperar que caia do céu, mas também não se desespera e sai por aí derrubando tudo e todos para conseguir o que quer.

Uma mulher de quase trinta acredita na sua intuição e a escuta sempre que não sabe qual caminho seguir.

Uma mulher de quase trinta não é melhor, nem pior, tão pouco diferente: é apenas fiel à sua essência, valores e bom senso.

E quanto às mulheres de quase quarenta, não sei. Daqui a dez anos saberei responder.

ARYANE SILVA
Enviado por ARYANE SILVA em 26/02/2014
Código do texto: T4707308
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