Carnaval

CARNAVAL

Terça feira de carnaval, o sol reina em nossos céus e a maré amanheceu alta. Levado por um impulso da alma, do coração ou talvez das correntes do próprio destino e seus emaranhados de muitas histórias, dirigi-me ao bar do Leo no Vinhais. Um lugar impar, incomum, cheio de magia, repleto de encantamento. Senti-me como se tivesse adentrado a máquina do tempo. Uma montanha de quinquilharias dispersas por todos os lados. São máquinas de escrever, calcular, orelhões que funcionavam com fichas, maquinas de filmagem, rádios e TVs de válvulas, bastante disco de vinil e, a musica suave como a ventilação natural que entra no ambiente pela porta dos fundos. Mas, que se vendo as coisas do nosso tempo, é como se voltássemos ao passado, e entramos no turbilhão de muitas paixões, percorremos o túnel do tempo como se fossemos seres voláteis em mutação constante, ou como se penetrasse pelas nossas veias e se alojasse em nós os fluidos e sumos de vidas tão vivas como somos nós. É que bate uma inaudita saudade remoendo-nos as entranhas e nos fazendo chorar copiosamente, como se fossemos crianças e alguém nos tirasse das mãos o brinquedo preferido. Nostálgico, voltando em pleno carnaval e, pudéssemos mudar para os clubes sociais que não existem mais as nossas festas, trocando o Aché baiano pelas nossas marchinhas e os nossos sambas que contam também história de amores e felicidades...

Sei que tenho de pedir desculpas aos jovens pelas declarações de amor e carinho com a qual trato a vida dos nossos anos, mas, posso dizer com firmeza que: nunca mais haverão carnavais igual aos que vivemos. Fantasias sim! Mas de amores que nunca serão esquecidos enquanto houver uma única pessoa para contar. E eu, não sei o que faço para te encontrar novamente, o carnaval se acaba hoje e como nas festas do passado, te fostes me deixando remoendo lembranças cobertas de poeira como as que encobrem o passado exposto como em museu no bar do Léo, mas ainda é Carnaval...

Airton Gondim Feitosa