Amor não é bom se doer...

Pessoas assim estão escassas...

Hoje, decepcionado, sentado a beira de um riacho, com a peneira entre as pernas, evidencio o que o meu coração já suspeitava. O ouro, aquela forma de amor puro que muitos garimpam entre as multidões não existe mais... Muito mais difícil de encontrar o homem ou a mulher com a ética, caráter e perfil que se encaixe ao seu, é encontrar alguém que te ame. Não o amor que vejo hoje na sociedade, não essa forma de sentimento alônimo, essa coisa opaca que mais fere, mais machuca, mais destrói do que cura, satisfaz e acalenta. E desculpe-me, seu orixá mentiu. Amor não é bom se doer! Amor só é bom se existir de fato em sua forma mais pura. “um amor puro, não sabe a força que tem” (Djavan)

Mas as pessoas confundem amor à posse, acha que o ciúme que sente é evidencia de certo nível de um sentimento que não aprisiona. Mas não é! É apenas o desejo de domínio, de se ter aquele objeto na estante ao alcance das mãos. Mas deixe-me roubar um pouco a afirmação da Pitty – “Eu não ficaria bem na sua estante”.

Camões definiu da seguinte forma:

“Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer.”

E por favor, se atente ao detalhe fundamental – “É dor que desatina sem doer.” – amor não dói. Quem nunca ouviu a frase, o amor é cego? E realmente é... Pois, não enxerga ninguém mais belo, simpático e perfeito que o objeto amado. Nada atrai mais, nada seduz mais, nada prende mais, não há espaço naquele universo para outro amor. Não é possível empregar o mesmo amor a duas pessoas no mesmo momento, e isso chega a ser físico. Se você ama aquela pessoa... E, estar com ela, ouvir sua voz, sentir seu cheiro, estar no aconchego do seu abraço faz parte desse amor, não haverá espaço para as mesmas coisas com outra pessoa. Se achares que ama duas pessoas da mesma forma, provavelmente não se ama ninguém.

E por fim, os garimpeiros do amor, que na ânsia da busca pelo ouro do coração sentam-se por sobre as pernas, por entre cascalhos, e estes, estão em abundância. Ali, define que se chegou ao “Tempo em que não se diz mais: meu amor. Porque o amor resultou inútil.” (Drummond) Ali, o fulgor da esperança morre E naquele momento seus olhos, que até então cassava o metal mais precioso, se contenta com o cascalho mais brilhante...

Edson Duarte
Enviado por Edson Duarte em 07/03/2014
Código do texto: T4718630
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.