ESCOLA, EDUCAÇÃO E POPULISMO
 
Às vezes eu entro em parafuso e não consigo compreender certas coisas que ocorrem em meu país.
Em pleno século XXI, apresentam-nos políticas ditas avançadas, povo dito instruído, agricultura evoluída entre tantas outras modernizações de alto impacto.
Assistir a uma cena, como a que assisti hoje, em um canal de TV de alcance mundial, dá para entrar em parafuso.
Uma mãe responde a um repórter, que o filho estava indo a escola de sandália por culpa do governo que ainda não havia enviado os sapatos.
Hoje a responsabilidade de suprir as necessidades básicas de uma infinidade de famílias, em diversos recantos desse nosso país, parece ser apenas dos governos constituídos.
Ora bolas, não há tanto tempo assim, mas lembro-me que não havia muitas escolas, principalmente na zona rural, entretanto os pais primavam pela educação dos filhos. Todos trabalhavam duro para comprar roupas (fardamentos), calçados, livros e o material auxiliar para o aprendizado dos seus filhos e ainda compravam lanches para complementar o leite que era distribuído nas escolas existentes.
Nesse tempo o estudante era comportado, educado e estudioso, respeitava a escola, os professores e todos os componentes administrativos da escola.
Conheci muitas famílias interioranas de diversos recantos desse Brasil gigante, que moravam a 5 km e até 12 km das escolas, mesmo assim os seus filhos iam estudar bem arrumados, com os materiais necessários a época. Uns iam a pé, outros a cavalos, chovesse ou fizesse sol, no calor ou no frio, raramente faltavam às aulas.
Muitos filhos dessas famílias se fizeram médicos, engenheiros, agrônomos, administradores, técnicos agrícolas etc. sem que governo nenhum lhes desse um lápis, apenas os professores, pagos com o dinheiro público, mal pagos, pelos diversos governos.
Hoje somos obrigados a assistir cenas como essa que assisti, eu juro que não consigo compreender, entender o que ocorreu com parte do nosso povo. Parte sim, porque esta não é uma observação generalizada, há excelentes pais, bem como, excelentes alunos, que fazem do ensino público a base sólida para o seu futuro.
Quem mudou? Os filhos alunos, os governos ou foram os pais desses alunos?
Vamos começar pela quantidade de escolas existentes. Há escolas em cada esquina das grandes cidades, ainda que algumas mal estruturadas; há escolas nos meios rurais, quando não, há transportes para levar os estudantes às outras unidades mais distantes. Estas quase sempre pouco estruturadas.
Os governos fornecem aos alunos roupas, calçados, livros, merendas e aos pais bolsa escola, bolsa família, bolsa gás etc. caso não o faça, os pais ameaçam não mandarem os filhos para a escola. Muitos destes sequer observam se seus filhos realmente vão estudar. Há crianças que desistem e mesmo assim os favores dos governos, com o dinheiro dos altos impostos correm soltos, porque não há fiscalização e nem controle.
Aos desamparados professores cabe transmitir o conhecimento, dar a educação, responsabilidade fundamental dos pais, embora eles atribuam este papel ao professor.
No tempo em que eu fiz o ensino fundamental e o colegial, se o aluno perdesse a média, os pais eram informados e estes conversavam serio com os filhos e até os puniam pela falta de interesse ou displicência para com os estudos.
Hoje, porém, se tal fato ocorre, os pais vão à escola, “sobem nas tamancas”, quebram o patrimônio público, querem bater nos professores, isso se o aluno já não o fez.
Há uma serie de fatores que influenciam nestas ações contra as escolas e os professores, a meu ver os dois principais são: o governo pelo paternalismo exacerbado, por políticas ultrapassadas, que visam apenas garimpar votos para a perpetuação do poder e, os pais por deixarem de assumir a responsabilidade que lhes cabe desde a concepção até a independência dos filhos, mediante exemplo de comportamento, educação e conhecimento, isto é o básico para formar bons filhos, bons pais e excelentes cidadãos.
 
   Rio 06/03/2014
Feitosa dos Santos