Insatisfação

A cada dia que acordo, vivo o mesmo dia, sempre a mesma coisa e nada muda: acorda, faz a barba, escova os dentes, trabalha, almoça, janta e dorme. Sete vezes por semana. Só no final de semana que muda um pouco. É quando não trabalho, mas o resto é igual. Pessoas, tragédias, poluição, aquecimento global, descobertas. Nada muda. Vida urbana não é grande coisa. As pessoas dizem que é melhor morar na cidade do que no campo; por que no campo não tem a facilidade que na cidade tem. Quanta preguiça.

Resolvi mudar um pouco essa rotina estressante. Arrumei as malas, junto com minha família, fomos para uma fazenda que aluguei. Tranqüilidade, nada mecanizado, tudo simples. Ar puro, sem muito barulho, sol de verdade; animais no campo; não reclamavam de nada, viviam na sua. Não é a toa que dizem que a natureza é o reflexo de Deus. Livre daquele caos. Infelizmente terei que voltar, mas isso não importava naquele momento, só queria aproveitar tudo aquilo. Vivi, senti o que raramente sentia, e era bom, porém tudo um dia acaba.

Voltei para a cidade, a rotina, a mesmice da minha vida. Percebi que tudo isso é algo que sempre quis, eu mesmo criei, e sem querer aceitar, gosto disso. Por isso que sou infeliz. Cheguei a uma conclusão: não sou somente eu que vivo e gosto disso, há muitas outras pessoas que gostam e vivem isso. Reclamam, mas no fundo gostam. A cidade é um reflexo do homem, como a natureza de Deus. Por isso que não nos entendemos, a principio não aceitamos; mas está tudo bem a nossa frente. E na verdade é por isso que o homem em si não gosta dele mesmo.