Mais uma mãe, apenas mais uma...
Ao meu lado no ponto de ônibus mãe e duas filhas aguardam a lotação. Eu também! Só que muito mais calmo que a mãe das garotas.
- Fica quieta menina, não sabe se comportar?
- O que fiz mamãe? Apenas queria ler um texto que escrevi.
- Já disse que agora não! Cale a boca!
A garota seguiu em silêncio, quieta, acatando a ordem matriarcal. Confesso sentir falta de amor daquela mulher para com suas filhas. Fumava incessantemente e ao lado a mais velha exclamava:
- Para mamãe! Essa fumaça me atrapalha!
- Rá, rá, rá! Vocês são a pedra no meu caminho. Maldita hora que engravidei.
A menina menor perguntou:
- Mamãe: como fica grávida?
- Vai fazer um para você ver!
Tamanha incompreensão desatinava aos passageiros que aguardavam o transporte. Aos poucos todos foram saindo evitando a repreensão da mãe. Dedo na cara da mais velha e mais um sermão ilógico:
- Aquele batom que você passa é de prostituta!
Não acreditei escutar aquelas palavras pronunciadas por uma mãe. Respirei para não revidar com vocábulos e engoli mais essa.
O ônibus chegou: as meninas subiram, depois da mãe, e na janela a matriarca deliciava-se com o passeio. De fato parir é fácil, o difícil é educar a cria quando não se é educado.