Seiva

Dos poros emana uma seiva de sabor doce com toques de amargor. Seu cheiro é forte apesar de agradável, chega a ser viscoso, pode proteger como pode afogar, dependendo de como cada ser trabalhe esse elemento dentro de si.

Pode ser elaborada, fruto de anos e mais anos de trabalho incessante dentro dos laboratórios mais tecnologicamente preparados do mundo. Diga-se, apesar de tudo, que a qualidade da vidraria do laboratório, de seus equipamentos, não é garantidor da qualidade do "produto".

Mais do que com técnica, essa qualidade é alcançada com sensibilidade e intelecto. A sensibilidade dá ao buscador a exata medida das intensidades, dos pontos de fusão, ebulição, sublimação talvez, todas medidas de forma alguma despreziveis.

O intelecto media o contato da sensibilidade com a técnica, dá-lhe corpo, explicação, racionalidade, elementos imprescindíveis.

Os reagentes devem ser dosados de forma conveniente para que não produzam vapores indesejáveis ou , ainda, danos ao meio ambiente. Diga-se de passagem, que todos são potencialmente daninhos, dependendo da dose, grau de exposição ou quando transformam-se em vícios irremediáveis.

O buscador será tão mais competente e capaz o quanto conseguir colocar tudo na sua justa medida mas , adverte-se , isso não é tarefa fácil. Os enganos e seus resultados deletérios estão espalhados pelo mundo , à vista de todos.

Cabe-nos aprender com esses erros, buscar os registros, fazer as observações de suas mazelas, reprocessar todas essas informações e dar-lhes corpo, legá-las com a generosidade de quem quer promover a vida e não o dor e a morte.

Sejamos todos buscadores! A seiva do amor é o bem mais necessário do mundo, juntamente com seus subprodutos chamados encantamento, paixão, generosidade, capacidade de sacrifício e todas as demais já catalogadas e ainda a serem descobertas.

Nutrir e fazer viver a árvore da vida só se faz com boa seiva.

André Vieira
Enviado por André Vieira em 03/05/2007
Reeditado em 03/05/2007
Código do texto: T473070