VAI  UMA  COXINHA  AÍ, AMIGO?            
 
                             "O peixe morre pela boca,, da mesma   forma    que
                        homens incautos."                                                     

                                              (do autor)
 
 
 A culpa da narrativa que se segue, deve-se ao mosqueteiro e grande poeta Seminale  (Antoniô), que colocou essa minhoca na minha cabeça, após ter conhecimento da minha triste odisseia. 
 
- Vai uma coxinha aí, amigo?
Sem dúvida, era a voz do Demo fazendo vibrar as cordas vocais do pobre do empregado da lanchonete no térreo do Edifício/garage/terminal de ônibus, Menezes Cortes, no centro da cidade do Rio de Janeiro.
E, como sempre, o Capeta pôs toda a sua capacidade de atrair, de enganar, naquela simples frase, que, aos meus ouvidos, soou como o canto da sereia, contra cujo poder Ulisses teve de amarrar-se ao mastro principal de sua nau.
Mas eu, pobre mortal com o estômago roncando, meio que babando, olhos muito abertos atraídos pela dourado da guloseima, embarquei direto; nem lembrei do sábio navegador e caí na armadilha!
Aliás, me permitam a divagação;  dizem as más línguas que a História deu uma de boazinha com o tal do Ulisses, talvez para não chocar a pureza do sentimento que a casta Penélope nutria por ele, a ponto de tecer um sudário, cujo comprimento (considerando o tempo em que seu amado esteve “vagando” por aí) talvez cobrisse metade do Reino, se ela, matreiramente, não o desfizesse todas as noites.
Diz-se, realmente, que os nós da corda estavam frouxos e Ulisses caiu mesmo na esbórnia, mas, embora em inefável estado de prostração, conseguiu voltar ao navio.
- É, - respondi eu, sem desgrudar o olho do acepipe e contendo o estímulo das glândulas salivares  que tinham ímpeto de maré grande -  quero uma e uma latinha de guaraná.
 Estava, assim, decretada a minha “via crucis” pelos próximos quatro dias.
Dei a primeira mordida, com o mesmo erótico pensamento do Adão com a maçã, só que com uma baita diferença quanto ao resultado.  Enquanto o nosso ancestral se divertia com a Eva, eu, exausto, afundava o tapete de casa, no trajeto quarto-banheiro.  O castigo(?) do Adão veio logo; o meu foi longo, penoso...e ardido!
Estou vivo e pude constatar a veracidade  do dito popular; “Beleza, não põe mesa!"
 
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(dedicado a todos os glutões da paróquia)
Imagem - Internet
 
paulo rego
Enviado por paulo rego em 17/03/2014
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