JOSELITO O VENDEDOR DE JORNAL
Embora a década fosse sessenta, o movimento da cidade grande e o ruído dos carros deslumbravam o menino que a pouco abandonara a cidadezinha do interior, para junto com a mãe ganhar a vida na capital.
A mãe viúva e doente ficava com a filha menor na casinha alugada, enquanto Joselito saia cedinho para a labuta levando consigo uma pilha de jornal. Com a voz esganiçada dos seus treze anos ele anunciava: ..senhor e senhora compre aqui a "última Hora"!!!!
Quando não estava vendendo os jornais Joselito dividia-se entre ler as manchetes, ver as figuras do jornal e acompanhar toda a movimentação que a avenida da periferia apresentava naquela manhã. Distraia-se olhando os prédios e imaginando todo o interior de cada arranha-céu, entusiasmava-se vendo o movimento dos carros e alegrava-se com o desfile das belas mulheres...
Muitas vezes Joselito sentava-se na escadaria, e ali observava tudo, todo aquele vai-e-vem de trabalhadores, estudantes, vendedores, procurando adivinhar o destino de cada um....
A medida que as horas passavam a pilha de jornais diminuía enquanto o cansaço do menino aumentava. Retornando pra casa, pra comida quente, pra cama quente, no aconchego do lar o menino relaxava. O sono vinha e Joselito sonhando gritava: ...senhor e senhora compre aqui a "Última Hora"...